Convento da Madre de Deus de Lisboa

Description level
Fonds Fonds
Reference code
PT/TT/CMDL
Title type
Atribuído
Descriptive dates
1468-[18--]
Dimension and support
1 liv.,1 mç.; perg., papel
Biography or history
O Convento da Madre de Deus de Lisboa era feminino, pertencia à Ordem dos Frades Menores, e à Província dos Algarves.

Em 1508, foi fundado numa quinta em Xabregas, na zona oriental de Lisboa, pela Rainha D. Leonor, viúva de D. João II. Para o efeito, obteve do papa Júlio II, três breves, autorizando a fundação do mosteiro.

Em 1509, por breve do papa Júlio II, obteve-se licença para a sua fundação, e foi doado às religiosas Franciscanas Descalças, da Primeira Regra de Santa Clara, do Convento de Jesus de Setúbal. Nesse ano, o convento foi abençoado pelo arcebispo de Lisboa, D. Martinho da Costa.

Em 1510, a comunidade foi recebida pelos observantes franciscanos e, dois anos depois, integrada na sua Província.

Em 1517, o Convento da Madre de Deus recebeu ainda, por intervenção da rainha D. Leonor, as relíquias de Santa Auta, que chegaram a Lisboa a 2 de Setembro, e foram trasladadas para a igreja do convento a 12 do mesmo mês. A própria rainha, habitou junto das monjas num paço que para si mandou edificar, e jaz em campa rasa no claustro do convento.

Posteriormente, no reinado de D. João III o edifício foi remodelado e ampliado.

Em 1551, o papa Júlio II estabeleceu o limite de vinte religiosas para habitar o convento.

Em 1567, o número de religiosas aumentou para trinta e três, através da autorização do papa Pio V.

O convento chegou a albergar quarenta e duas freiras de véu preto e quatro freiras veleiras (que pediam as esmolas pela cidade). Devido às inúmeras esmolas e protecção dos monarcas portugueses, foi chamado Real Mosteiro da Madre de Deus, tornando-se um dos mais populares santuários da Lisboa do Renascimento.

Em 1567, por ordem de D. João III, iniciou-se a realização de obras sob a orientação do arquitecto régio Diogo de Torralva. O edifício sofreu grandes alterações datando desta época a nave da Igreja e o Claustro.

Entre 1746 e 1759, já nos reinados de D. João V e D. José, realizaram-se novamente obras de reforma, nomeadamente na Igreja, Sacristia, no Coro Alto, Coro Baixo e na Capela de Santo António que se revestem de talha dourada, azulejos, pinturas, mármores polícromos e madeiras exóticas.

Destruído pelo terramoto de 1755, foi reedificado e sofreu de novo obras de restauro em 1872.

Ao longo de vários séculos, o Convento pertenceu sempre à Casa das Rainhas, foi sujeito a várias intervenções arquitectónicas, e decorativas, possuindo um vasto património em ourivesaria e obras de arte.

Em 1834, no âmbito da "Reforma geral eclesiástica" empreendida pelo Ministro e Secretário de Estado, Joaquim António de Aguiar, executada pela Comissão da Reforma Geral do Clero (1833-1837), pelo Decreto de 30 de Maio, foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas de religiosos de todas as ordens religiosas, ficando as de religiosas, sujeitas aos respectivos bispos, até à morte da última freira, data do encerramento definitivo.

Os bens foram incorporados nos Próprios da Fazenda Nacional.

Em 1867, o edifício foi adquirido pelo Estado e afecto ao Asilo Maria Pia, aquando da venda dos bens da Igreja.

Em 1871, foi extinto por falecimento da última freira.

Localização / freguesia: São João (Lisboa, Lisboa)
Custodial history
Ainda não é conhecida a história custodial e arquivística deste fundo.

A documentação foi sujeita a tratamento arquivístico, no final da década de 1990, empreendido por técnicos da Torre do Tombo e por investigadores externos. Em Outubro de 1998, foi decidido abandonar a arrumação geográfica por nome das localidades onde se situavam os conventos ou mosteiros, para adoptar a agregação dos fundos por ordens religiosas. Desta intervenção resultou o facto de cada ordem religiosa passar a ser considerada como grupo de fundos, e simultaneamente como fundo, constituído a partir da documentação proveniente da casa-mãe ou provincial, alteração esta que provocou a alteração de cotas nos fundos intervencionados.

Foram constituídas séries documentais segundo o princípio da ordem original sempre que possível (com base em índices de cartórios quando existentes), correspondendo à tipologia formal dos actos, e que, na generalidade, é documentação que se apresenta em livro. A documentação que se encontra instalada em maços foi considerada como uma colecção ao nível da série, com a designação de 'Documentos vários', não tendo sido objecto de intervenção.

Este projecto deu origem à publicação da monografia designada 'Ordens monástico-conventuais: inventário', com a coordenação de José Mattoso e Maria do Carmo Jasmins Dias Farinha.

Em 2010, a 14 de Dezembro um livro foi adquirido por compra em leilão de Pedro de Azevedo, Leiloeiro, Livreiro (lote 528).
Scope and content
Contém cartas régias, alvarás, escrituras de propriedade, quitações, licenças para o convento pedir esmolas, testamentos, consultas, relação das relíquias oferecidas ao convento, documentos sobre indulgências, correspondência, entre outros.

Fundos Eclesiásticos; Ordem dos Frades Menores - Província dos Algarves; Feminino
Arrangement
Organização em séries documentais correspondendo à tipologia formal dos actos.
Other finding aid
ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO - [Base de dados de descrição arquivística]. [Em linha]. Lisboa: ANTT, 2000- . Disponível no Sítio Web e na Sala de Referência da Torre do Tombo. Em actualização permanente.

INSTITUTO DOS ARQUIVOS NACIONAIS/TORRE DO TOMBO - "Ordens monástico-conventuais: inventário: Ordem de São Bento, Ordem do Carmo, Ordem dos Carmelitas Descalços, Ordem dos Frades Menores, Ordem da Conceição de Maria." Coord. José Mattoso, Maria do Carmo Jasmins Dias Farinha. Lisboa: IAN/TT, 2002. XIX, 438 p. ISBN 972-8107-63-3. (L 615) p. 330-331.

Catálogo dos documentos do Convento da Madre de Deus, ordenado cronologicamente (C 1112).
Related material
Portugal, Biblioteca Nacional.

Portugal, Biblioteca Pública de Évora.

Portugal, Museu Nacional de Arte Antiga: "Livro das contas do Convento de N. da Madre de Deos, anno de 1690 : este livro teve o seu principio em o mes de Mayo do anno de 1689 e finalizou em o dia 13 do mes de iulho do anno de 1708..."; "Livro do provimento, que sua Mages[ta]de mandou fazer as Igrejas da ordem [de] S. Bento de Avjs"; "Livro do tombo das couzas q[ue] se paga[m] as religiozas capuchas da primeira regra e convento da M[adr]e de De[us]"; "Livro que serve de lançar as contas que se fazem das esmolas q[ue] os devotos dão a N. Senhora Madre de Deos e a despeza que se faz com as ditas esmolas"; "Noticia da fundação do Convento da Madre de Deos de Lisboa das Relig[ioz]as descalças da prim[ei]ra regra de Nossa Madre Santa Clara : e de alguas couzas q[ue] ainda se puderaõ descobrir com certeza das vidas e mortes de m[ui]tas Madres Santas..".

Publication notes
"Ordens religiosas em Portugal: das origens a Trento: guia histórico". Dir. Bernardo de Vasconcelos e Sousa. Lisboa: Livros Horizonte, 2005. ISBN 972-24-1433-X. p. 328-329.
Creation date
05/04/2011 00:00:00
Last modification
11/08/2023 09:47:02