Mosteiro de São Marcos de Coimbra

Description level
Fonds Fonds
Reference code
PT/TT/MSMCM
Title type
Atribuído
Descriptive dates
[1397?]-1807
Dimension and support
11 liv., 8 mç.; perg., papel
Biography or history
O Mosteiro de São Marcos de Coimbra era masculino, situava-se na quinta de São Marcos, freguesia de São Silvestre do Campo, no concelho e diocese de Coimbra, e pertencia à Ordem e Congregação de São Jerónimo.

A fundação do Mosteiro está ligada à capela instituída por testamento de João Gomes da Silva, em 1441, e confiscada pela coroa, sob a administração de Aires Gomes da Silva, filho do instituidor, partidário do infante D. Pedro.

Em 1451, a 28 de Julho, graças à intervenção de D. Beatriz de Meneses, viúva de Aires Gomes e camareira-mor da rainha D. Isabel, a capela com sede na ermida de São Marcos, no termo da Quinta de São Silvestre, voltou à posse da família. D. Beatriz doou a administração da capela e o lugar de São Marcos aos religiosos da Ordem de São Jerónimo, de que eram representantes frei João Velho, prior do Mosteiro de São Jerónimo do Mato, e frei Bernardo de Braga. Esta doação fez-se com a condição de que fosse fundado um mosteiro da mesma Ordem, na quinta vinculada com outras à mesma capela, e que fossem cumpridas as suas obrigações. Nesse ano, a 3 de Agosto, a fundação foi autorizada por D. Afonso V, que mandou entregar os bens confiscados a Aires Gomes da Silva, e lhe acrescentou a doação dos matos em volta do cerco.

A Família dos Silvas manteve a sua protecção ao Mosteiro doando-lhe vários bens.

Em 1452, frei João Velho, prior do Mosteiro, tomou posse da capela, mantendo o cargo de por 10 anos.

O Mosteiro recebeu os padroados das igrejas de Vagos em 1464 e de Santar em 1480, os bens de Condeixa-a-Nova em 1478, de Montemor em 1503 e 1516, e os de Quimbres por volta de 1600.

Mestre Gil de Sousa orientou as obras de construção do Mosteiro, começadas cerca de 1453. Nela participaram também Diogo de Castilho, Nicolau Chanterene e João de Ruão

Em 1473, por bula de Paulo III, de 23 de Outubro, recebeu, por anexação, o Mosteiro de Nossa Senhora da Piedade, em Santar, fundado e dotado por Diogo Soares de Albergaria e por sua mulher, D. Brites de Vilhena, recebendo todos os privilégios da Ordem de São Jerónimo. A 21 de Dezembro, o bispo de Viseu, D. João Abreu, aprovou a fundação, anexando-lhe a Igreja de São Pedro de Santar. Os religiosos destinados à nova comunidade, mudaram-se de São Marcos para Vale de Azares, local do paço dos fundadores, no termo de Celorico. Depois da morte destes, sucederam-se vários conflitos ao testamento de Diogo Soares de Albergaria e de D. Beatriz, a que o rei não foi alheio. Em 1476, a 20 de Julho, D. Afonso V mandou anexar ao Mosteiro de São Marcos, todos os bens deixados Diogo Soares de Albergaria e por sua mulher, à casa de Santar. Em 1480, o rei doou-lhe a Igreja de São Pedro e o padroado da Terra de Santar.

Em 1834, no âmbito da "Reforma geral eclesiástica" empreendida pelo Ministro e Secretário de Estado, Joaquim António de Aguiar, executada pela Comissão da Reforma Geral do Clero (1833-1837), pelo Decreto de 30 de Maio, foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas de religiosos de todas as ordens religiosas, ficando as de religiosas, sujeitas aos respectivos bispos, até à morte da última freira, data do encerramento definitivo.

Os bens foram incorporados nos Próprios da Fazenda Nacional.
Custodial history
Em 1732, Manuel Mendes de Carvalho, escrivão, tentou realizar a reforma do cartório do Mosteiro, mas esta só veio a concretizar-se com António José da Costa, notário apostólico, o mais provável autor do seu "Index geral (...)", feito em 1766, sendo abade o Padre Fr. José de Santa Maria.

Quase todos os documentos se encontram com a capilha do século XVIII, contendo o sumário, a data, a cota e a referência dos traslados.

O cartório terá passado à Repartição da Fazenda do Distrito de Coimbra.

Os documentos do Mosteiro que se encontram na Torre do Tombo fazem parte do conjunto dos arquivos conventuais recolhidos nas Direcções de Finanças, em 1880, e trazidos para a Inspecção das Bibliotecas e Arquivos, instalada no edifício da Biblioteca Nacional, pelo Inspector das Bibliotecas e Arquivos, Dr. Lino da Assunção, aonde permaneceram até 1912, data em que foram transferidos para a Torre do Tombo.

O "Livro 1 dos títulos trasladados Montemor e Moinho da Mata" (descrito em ESTEVENS - Index (...), pp. 20-21., como Plúteo 8.º, liv. 1) ou "Traslados em pública-forma de emprazamentos e compras no anos de 1517-1708" (descrito do ID L 283 é referenciado por livro 4) não foi ainda localizado.

A "capa em pergaminho dos 29 documentos do Armº de Vagos, Plútº 5º, Mº 1, com um índice feito pelo Dr. Magalhães e pelo Padre Cartorário Santa Rita, datado de 6 de Março de 1823" (descrito em ESTEVENS, Manuel Santos - "Index [...]", ID L 508, p. 124) não foi ainda localizado.

Em Outrubro de 1998, foi decidido abandonar a arrumação geográfica por nome das localidades onde se situavam os conventos ou mosteiros, para adoptar a agregação dos fundos por ordens religiosas.

Em 2021, as cotas originais de Plúteo foram convertidas em maço, e os documentos receberam um número sequencial dentro de cada maço.
Scope and content
Contém tombos de propriedades e prazos do mosteiro, bulas e breves, confirmações episcopais, sentenças, instrumentos de posse, inventários de bens, composições, certidões (inclui certidão da Torre do Tombo de escambo de propriedades, de bula do papa Clemente VII), um alvará do bispo de Coimbra, e traslados do século XVII de documentos dos séculos XV-XVI, cartas régias de privilégio, cartas de anexação de igrejas, de mercê e confirmação, do duque D. Jorge mestre de Santiago e de Avis, do duque de Coimbra, de provisão, de encampação, de doação, de partilha, de venda, de quitação, de aforamento, de emprazamento, de composição, de demarcação, licenças, procurações, petições, testamentos, escrituras (inclui escrituras de desistência, de concerto, de fiança), testamentos, contratos, autos, documentos relativos a capelas e instituição de capelas.

Contém o foral antigo de Vale de Azares e Condeixa, um alvará do cardeal D. Henrique, uma sentença de habilitação "de genere", inquirições "de genere", traslados de bulas dos papas Gregório II, Martinho V, Calixto III, Sixto IV, e Inocêncio VIII, indulgências do bispo de Silves D. Álvaro, uma obrigação para paramentarem e dourarem o sacrário, um processo relativo ao derrube do pinhal, um recibo do tesoureiro geral da Junta da Administração e Arrecadação da Fazenda da Universidade de Coimbra, uma renúncia do cónego Lopo Pacheco, entre outros documentos.

A documentação menciona bens situados em Ançã, em Carapinheira, em Montemor-o-Velho, em Vale de Azares e Condeixa, em Tentúgal, na Póvoa Nova de Santa Cristina, em Quimbres, em Vale de Santa Maria (Beira), em couto de Senhorim, Vagos, Sobral da Serra, Santar, e Moinho da Mata.

A documentação refere o cardeal D. Henrique, o cónego Lopo Pacheco da Igreja de Barroso, os monges do Mosteiro de Valbenfeito, frei Caetano da Anunciação, o arcebispo de Braga, D. Álvaro bispo de Silves, o bispo D. Afonso de Castelo Branco, o padre Manuel Dias Corvina, D. Luísa Teresa de Jesus religiosa no Convento de Aveiro, D. Jorge de Ataíde, o arcediago da Guarda, os herdeiros de António Rodrigues Sabadario, João Gomes da Silva, e o Cabido de Coimbra.

A documentação refere ainda os bispados da Guarda e Viseu, a Igreja de São Marcos, e a Universidade de Coimbra.

Fundos Eclesiásticos; Ordem de São Jerónimo; Masculino
Arrangement
O cartório de São Marcos conserva a descrição e organização recebidas por ocasião do Index de 1766, reflectida na cota dos documentos.

Os documentos relativos ao Mosteiro têm cota de São Marcos e os respeitantes aos seus lugares, têm a respectiva cota topográfica. Cada um destes títulos, repartidos por 8 pluteos, contém um ou mais maços, geralmente organizados por ordem cronológica, a saber, São Marcos pluteo 1.º, pluteo 2.º (bulas) e pluteo 2.º (capelas); Tentúgal e Quimbres pluteo 3.º; Condeixa pluteo 4.º; Vagos pluteo 5.º; Sobral e anexas pluteo 6.º; Santar e anexas pluteo 7.º; Montemor e Moinho da Mata pluteo 8.º.
Other finding aid
ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO - [Base de dados de descrição arquivística]. [Em linha]. Lisboa: ANTT, 2000- . Disponível no Sítio Web e na Sala de Referência da Torre do Tombo. Em actualização permanente.

ESTEVENS, Manuel Santos - "Index dos títulos do cartório do mosteiro de São Marcos: 1766". Completado até 1834, pref., rev., anot., por Manuel Santos Estevens. Coimbra: Arquivo e Museu de Arte da Universidade de Coimbra, 1950. Contém o Índice de 1766 atribuído a António José da Costa, notário apostólico. Descreve os documentos que se encontram no Arquivo da Universidade de Coimbra e na Torre do Tombo. O Index foi concebido de forma a poder ser acrescentado da descrição e da cota de documentos dispersos que viessem a ser reunidos ao cartório original. Contém a descrição dos processos remetidos ao Tesouro Público Nacional, do extinto Convento de São Marcos de Coimbra, e dos autos de inventário. Série Vermelha n.º 3661. Exemplar disponível no Serviço de Referência da TT, ID L 508.

Inventário dos cartórios recolhidos da Biblioteca Nacional em 1912, ID L 283, f. 58-58v.
Related material
Portugal, Arquivo Distrital de Braga.

Portugal, Arquivo Distrital de Coimbra.

Portugal, Arquivo da Universidade de Coimbra.

Portugal, Biblioteca Pública de Évora.

Portugal, Torre do Tombo, Ministério das Finanças, cx. 2208, inv. n.º 110.
Publication notes
"Ordens religiosas em Portugal: das origens a Trento: guia histórico". Dir. Bernardo de Vasconcelos e Sousa. Lisboa: Livros Horizonte, 2005. ISBN 972-24-1433-X. p. 156-157.
SANTOS, Cândido dos - "Os Jerónimos em Portugal: das origens aos fins do século XVII". 2.ª ed. Porto: Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, 1996. ISBN 972-96608-1-6.
Creation date
07/04/2011 00:00:00
Last modification
11/08/2023 09:42:56