Mosteiro do Salvador de Paderne

Description level
Fonds Fonds
Reference code
PT/TT/MSP
Title type
Atribuído
Date range
1261 Date is certain to 1770 Date is certain
Dimension and support
16 liv., 1 mç.; perg., papel
Biography or history
O Mosteiro do Salvador de Paderne era masculino, situava-se no couto de Paderne, abaixo do monte Laboreiro, no termo de Valadares, pertencia aos Cónegos Regulares de Santo Agostinho, até ser unido à Congregação de Santa Cruz de Coimbra.

Mosteiro da invocação do Salvador e de Santa Maria Virgem.

A sua fundação no século XI é atribuída a D. Paterna, viúva do conde Hermenegildo, de Tui. Inicialmente tratava-se de um mosteiro dúplice. A igreja terá sido sagrada em 1130 por D. Paio, bispo de Tui.

O Mosteiro era feminino quando em 1141, a 16 de Abril, recebeu carta de couto de D. Afonso Henriques em reconhecimento do auxílio prestado pela abadessa D. Elvira Sarracins, por ocasião da tomada do castelo de Castro Laboreiro.

O couto situava-se entre o termo de Melgaço e o de Valadares, no qual o Mosteiro tinha um juiz, um mordomo, levava voz e coima, confirmada 11 de Dezembro de 1334, como consta por carta testemunhável dada em Arraiolos, a 28 de Abril de 1475.

Em 1156, quando da divisão das igrejas e arcediagados entre o bispo e o cabido de Tui, o arcediagado da terra de Valadares ficou a pertencer ao cabido.

A sua adesão aos Cónegos Regulares de Santo Agostinho deve ser anterior a 1225 porque, neste ano, o prior D. Tomé fez um contrato com o Mosteiro de Fiães. Também neste ano passou a ter priores masculinos e deixou de ser dúplice.

Em 1320, no Catálogo das igrejas, comendas e mosteiros do Reino, foi avaliado em 500 libras, uma quantia elevada relativamente aos outros mosteiros e igrejas da Terra de Valadares, que não ultrapassavam em média as 80 libras.

Em 1381, a comarca de Valença separou-se de Tui, sendo depois integrada no bispado de Ceuta. Desde 1415, que pertence ao arcebispado de Braga.

No século XV entrou em regime de comendatários.

Em 1469, em Avis, a 1 de Março, sendo prior de Paderne, D. Vasco Rodrigues, e a seu requerimento, D. Afonso V confirmou um privilégio dado por D. Afonso IV e por D. Pedro (em 27 de Dezembro da de 1343) isentando os moradores da serventia dos concelhos. Os moradores do couto do mosteiro foram libertos dos serviços do concelho e de velar e roldar.

Em 1469, em Avis, a 10 de Março, sendo prior de Paderne, D. Vasco Rodrigues, e a seu requerimento, D. Afonso V confirmou um privilégio dado por D. Dinis (em 22 de Março de 1273) proibindo os cavaleiros de darem a criar seus filhos no couto e herdades do mosteiro e de constrangerem os seus homens em os servir e mandando ao meirinho de Valadares que mandasse cumprir estas disposições e que defendesse o mosteiro.

Em 1412, em Évora, a 25 de Dezembro, recebeu carta de confirmação geral de todas as graças, privilégios, mercês, e liberdades concedidas ao mosteiro.

Durante o governo dos comendatários perdeu rendas. Em 1471, face à situação de pobreza em que o mosteiro se achava, D. João Ferraz, administrador no espiritual e no temporal da parte portuguesa do bispado de Tui, anexou-lhe a igreja de Santa Maria de Passos e, em 1477, sendo bispo de Ceuta, Afonso Anes, cónego da igreja do Porto e seu vigário geral, anexou-lhe a igreja de Santiago de Penso.

Em 1475, em Portalegre a 21 de Abril, D. Afonso V confirmou o privilégio dos moradores no couto do mosteiro serem libertos dos encargos e serviços do concelho porque se tinha perdido o privilégio antigo e também não havia registo dele na Torre do Tombo.

Em 1497, em Évora, a 8 de Setembro, D. Manuel confirmou-lhe todas honras, privilégios, e liberdades, as graças, e mercês de que gozara até ao rei D. João II.

Em 1578 e em 1582, foi abrangido pelos contratos celebrados entre a coroa e a Congregação de Santa Cruz de Coimbra, e novamente pela ratificação de 1593, relativos às pensões que deviam ser pagas à coroa pela cedência do direito de padroado sobre os mosteiros unidos à congregação.

Em 1582, os Mosteiros de São Pedro de Folques, de São Martinho de Caramos, de São Simão da Junqueira, de Santo Estêvão de Vilela, de Santa Maria de Vila Nova de Muía, do Salvador de Paderne, de Santa Maria de Vila Boa do Bispo, de Santa Maria de Oliveira e de São Miguel de Vilarinho, pertencentes ao padroado real, foram abrangidos pelo "Contrato dos mosteiros novos", assinado entre o rei e o prior geral da Congregação de Santa Cruz, pelo qual o rei os largava à Congregação recebendo, em contrapartida, uma pensão régia, paga a partir das rendas das respectivas mesas priorais.

Em 1594, pela bula "Pro apostolicae servitutis" do papa Clemente VIII, de 19 de Maio, no 3.º ano do seu pontificado, passada a instância do rei D. Felipe, foram unidos à Congregação de Santa Cruz de Coimbra, sendo-lhes confirmados todos os privilégios, graças e indulgências que lhes tinham sido dados e concedendo-lhes os outorgados ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, quer pelos papas, seus antecessores, quer os de que gozava de outras religiões (ordens) por comunicação e autoridade apostólica.

Em 1595, a 20 de Janeiro, no Mosteiro do Salvador de Paderne, D. Cristóvão de Cristo, prior geral da Congregação do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra tomou posse do Mosteiro. Foi eleito prior, D. Nicolau, morador no Mosteiro de Santa Cruz.

Em 1617, ou em [1620 ?] foi unido com suas rendas ao Colégio de Santo Agostinho para sustentação dos seus colegiais por sentença do coleitor geral apostólico, Octavio Accorombono em execução de um breve de união apostólica do papa Paulo V, de 29 de Janeiro de 1596. O procurador do reitor do Colégio tomou posse deste Mosteiro, de suas anexas, pertenças e rendas, em 7 de Março daquele ano. O prior do colégio ficou obrigado a provê-lo com os vigários perpétuos ou os presbíteros seculares de acordo com o arcebispo de Braga.

Em 1769, tinha treze religiosos, onze de missa e dois leigos professos. Ao serviço do mosteiro estavam três moços para a sacristia, portaria, hospedaria e sinos da torre, um feitor, um estribeiro, dois cozinheiros, dois boieiros, dois torneiros, dois hortelãos, dois rapazes para mandados e outros serviços.

Em 1770, foi extinto com outros da mesma Congregação de Santa Cruz de Coimbra para serem anexados ao Mosteiro de Mafra. Os religiosos foram transferidos para este Mosteiro em Abril de 1771.
Custodial history
Em 1770, o cartório do extinto Mosteiro de Paderne foi enviado para o Mosteiro de Mafra, aí permanecendo até à sua extinção, enquanto residência de Cónegos Regulares de Santo Agostinho. Foi mais tarde deslocado para o Mosteiro de São Vicente de Fora de Lisboa.

No século XIX, os documentos do extinto Mosteiro, depositados em São Vicente de Fora, receberam um número de ordem, escrito a tinta carmesim, assinados na sua maioria por Carvalho. Este era o segundo cartório na ordem de arrumação.

Os autos de inventário do cartório de São Vicente de Fora, feito após o sequestro dos bens do Mosteiro, descrevem o conteúdo dos oito caixões, onde foi acomodada a documentação saída do edifício de São Vicente, mostrando que os livros e documentos dos mosteiros saíram misturados.

Após 1834, foram depositados no edifício do extinto convento de São Francisco da Cidade e aí permaneceram até 1836. Neste ano, a 10 de Maio, deram entrada no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em execução da Portaria de 1 de Março, constituindo a primeira incorporação de cartórios monásticos.

Em 1990, sob orientação da Dr.ª Maria José Mexia Bigote Chorão, alguns documentos deste fundo foram nele integrados, depois de ter sido identificada a sua proveniência, e retirados da colecção Documentação de conventos por identificar, cx. 13, conforme apontamento existente na caixa.

Em Outrubro de 1998, foi decidido abandonar a arrumação geográfica por nome das localidades onde se situavam os conventos ou mosteiros, para adoptar a agregação dos fundos por ordens religiosas.
Scope and content
Fundo constituído por documentos relativos aos privilégios, às igrejas e às propriedades do Mosteiro, sentenças, notas e prazos e tombos de demarcação relativos à administração dos bens, situados predominantemente nos concelhos de Arcos de Valdevez, Melgaço e Monção.

Contém também documentos relativos à Congregação de Santa Cruz de Coimbra.

A documentação menciona certas propriedades que confrontavam com bens do Cabido de Valença, do Baliado de Leça, do arcebispado de Braga, da Casa de Bragança, do Mosteiro de Fiães, das residências de São Fins e de São João de Longos Vales sob administração do Colégio dos Padres da Companhia de Coimbra.

Fundos Eclesiásticos; Cónegos Regulares de Santo Agostinho; Masculino
Arrangement
Ordenação cronológica das séries.
Language of the material
Latim e português.
Other finding aid
ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO - [Base de dados de descrição arquivística]. [Em linha]. Lisboa: ANTT, 2000- . Disponível no Sítio Web e na Sala de Referência da Torre do Tombo. Em actualização permanente.

Índice alfabético dos topónimos dos doze livros de prazos do Mosteiro do Salvador de Paderne (C 431) e (C 432).

Índice (inventário) dos livros de diversos conventos, ordens militares e outras corporações religiosas guardados no Arquivo da Torre do Tombo, conventos diversos, caderneta 3 (Santo Elói a Teatinos) (C 270).

Inventário das Corporações Religiosas, desintegrado da antiga Colecção Especial (inclui a tabela de equivalência e a "Nota explicativa" da restituição dos documentos aos cartórios de origem, feita pela conservadora Maria Teresa Geraldes Barbosa Acabado), em 24 de Julho de 1978 (L 208), f. 3-3v.
Related material
Portugal, Arquivo Distrital do Porto, Convento de São Salvador de Paderne - Melgaço.

Portugal, Arquivo Distrital de Braga.
Publication notes
COSTA, Avelino de Jesus da - "A comarca eclesiástica de Valença do Minho: antecedentes da diocese de Viana do Castelo. [s.l.: s.n., D.L. 1983]. Sep. I Colóquio Galaico-Minhoto, Ponte de Lima, 1981. p. 105. Título do fundo: S. Salvador.
MARQUES, José - "As pesqueiras do Mosteiro de Paderne em 1770". Viana do Castelo: Centro de Estudos Regionais, 1991. Sep. de Estudos.
"Ordens religiosas em Portugal: das origens a Trento: guia histórico". Dir. Bernardo de Vasconcelos e Sousa. Lisboa: Livros Horizonte, 2005. ISBN 972-24-1433-X. p. 205-206.
"Percurso pela História: propriedades de Melgaço". Texto Angelina Maria Esteves; fot. António Jorge Barros: Ventura Duarte Igrejas. Melgaço: Torre de Menagem-Núcleo Museológico e de Pesquisa, 1999.
PINTOR, M. A. - "Paróquia do Mosteiro de S. Salvador de Paderne (Alto Minho): costumeiro de 1720". [S. l.: s. n.], 1981. Sep. Arq. Alto Minho, 25.
PINTOR, Pe. Manuel A. Pintor - "Mosteiro de S. Salvador de Paderne: Alto Minho". Braga: [s.n.], 1957. Sep. Theologica, 2.
"Portugaliae Monumenta historica: a saecvlo octavo post Christvm vsqve ad qvintvmdecimvm..." ivssv Academiae Scientiarvm Olisiponensis edita. Olisipone: Typis Academicis, 1856-1961. Inquisitiones v. 1.
Creation date
22/02/2011 00:00:00
Last modification
11/08/2023 09:42:57