José Francisco Correia da Serra

Description level
Collection Collection
Reference code
PT/TT/JFCS
Title type
Formal
Descriptive dates
[1757-1795]
Dimension and support
6 cx., papel
Biography or history
José Francisco Correia da Serra nasceu em Serpa, em 1751, embora seja comummente indicada como data de nascimento ao dia 5 de Junho de 1750, e faleceu a 11 de Setembro de 1823, nas Caldas da Rainha.

Era filho do Dr. Luís Dias Correia, médico, e de D. Francisca Paula Luísa de Leon. Neto materno de Manuel Rodrigues Serra Porto, sobrinho do padre Jerónimo Madeira de Léon, jesuíta, e irmão de Manuel José Correia da Serra, nascido em Serpa em 1755, graduado em Direito Canónico pela Universidade de Coimbra; de Joaquim Correia da Serra, nascido em Serpa, em 1753, arquitecto e engenheiro militar; de Ana José e de Maria, nascidas em Itália, em 1764 e 1765, respectivamente.

Foi pai de Eduardo José, nascido em 1803, em Paris, de mãe francesa - Esther Delavigne. Viveu com o pai durante vários anos, nos Estados Unidos, no período da adolescência, sendo legitimado em 1823, em Portugal. Foi, posteriormente, médico, em Paris.

A família de Correia da Serra fixou-se em Roma e Nápoles, entre 1757 e 1771, data em que Luís Dias Correia regressou a Portugal, deixando a família e Roma. Assim, Correia da Serra estudou na Itália, interessando-se pela história natural, em especial botânica (correspondeu-se com Lineu e com outros especialistas neste domínio, como António Turra), bem como pelo estudo de línguas como o francês, o inglês, o alemão, o italiano, o latim, o grego, o árabe. É possível que tenha, durante algum tempo, estudado medicina. Foi confirmada a sua ordenação em 1776 e graduou-se em direito canónico.

Viajou pela Itália na companhia do duque de Lafões, D. João de Bragança, que estudara em Coimbra e fora colega e amigo de Luís Dias Correia.

Regressou com a família a Portugal em 1777, acabando por fixar residência no Palácio do Grilo, palácio do duque de Lafões, na altura em que este regressou a Portugal, em 1779.

Deixou memória escrita de muitas das suas viagens, como as que realizou à costa da Ligúria (1774), Itália (1776), e das de estudo ao sul do Tejo (1780), às Berlengas (1781), à Estremadura, Alentejo e Algarve (1785).

Projectou, em conjunto com o duque de Lafões, e o apoio de Domenico Vandelli e do conde de Barbacena, a Academia Real das Ciências de Lisboa, criada por Aviso régio de 24 de Dezembro de 1779, tornando-se seu secretário perpétuo em 1788 e tendo escrito a História da Academia desde a sua fundação até 1788. Preparou ainda a publicação dos primeiros três volumes da Colecção de Livros Inéditos da História Portuguesa, bem como o ensaio que precede o primeiro volume das Memórias Económicas.

Os acontecimentos políticos internacionais, nomeadamente a Revolução Francesa, fizeram centrar a atenção do Intendente-geral da Polícia, Pina Manique, bem como a da Inquisição, nas actividades da Academia Real das Ciências. Há ainda referências à fundação de uma loja maçónica em Portugal em 1794, da qual Correia da Serra e o duque de Lafões terão, eventualmente, feito parte. A presença do naturalista francês Broussonet em Portugal, instalado em aposentos da Academia das Ciências, após a sua saída de França, terá estado na origem da fuga do naturalista francês mas também da de Correia da Serra, em Março de 1795, com destino a Inglaterra, tendo deixado bens e documentação no palácio do Grilo.

Foi então eleito para a Royal Society e para a Sociedade Linneana. Continuou as suas investigações botânicas, privando com pessoas como Joseph Banks, James Smith. Produziu, durante esse período, várias comunicações científicas.

Tornou-se conselheiro e agente de compras da delegação portuguesa em Londres, acabando, no entanto, por se demitir em 1802. Foi então para Paris, onde permaneceu dez anos, publicando vários trabalhos científicos em jornais e revistas e alargando o seu círculo de amigos a personalidades como Lafayette, von Humbold e Samuel du Pont de Nemours

Em 1812 partiu com destino aos Estados Unidos, onde continuou a desenvolver a sua actividade científica, a dar conferências públicas sobre botânica, a escrever e a viajar. A partir de 1813 começou a dar-se com Thomas Jefferson, de quem se tornou visita habitual.

Em 1816 foi nomeado primeiro ministro plenipotenciário do Reino Unido de Portugal e do Brasil nos Estados Unidos. Em 1819 foi nomeado conselheiro da Fazenda. Deixou a América, com destino a Londres, no final do ano de 1820 e, posteriormente, em 1821, voltou a Lisboa, e ao cargo de secretário da Academia. Em 1822 a cidade de Beja elegeu-o deputado às Cortes.
Custodial history
Quando saiu de Portugal, em 1795, Correia da Serra deixou os seus papéis e biblioteca na Quinta dos Alfinetes, Palácio do Grilo, residência do duque de Lafões, em Lisboa. Simão de Cordes Brandão e Luís Pinto de Sousa Coutinho pediram ao duque de Lafões que lhes devolvesse as cartas que haviam escrito ao Abade. No que toca ao último, a devolução pode ter-se verificado.

Em 1975 a documentação foi adquirida por Rainer Daehnhardt, escritor, coleccionador e antiquário, que ao longo do tempo foi vendendo vários documentos, sobretudo correspondência.

Em fevereiro de 2016 foi criada uma estrutura a partir do instrumento de descrição L 649. Foram criadas três séries.
Acquisition information
A documentação foi adquirida pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento em 1995 e doada ao IAN/TT em 1997.
Scope and content
Inclui dez cadernos produzidos por Correia da Serra enquanto estudante em Itália, apontamentos de estudos, notas académicas e eclesiásticas, diários e memórias de viagens de estudo e investigação no âmbito da botânica e das ciências naturais; correspondência recebida de familiares (como o pai e os irmãos), amigos e colegas, recobrindo o período compreendido entre 1769, altura em que era estudante em Nápoles, a 1795, abordando, entre outras, temáticas como a história natural, a agricultura; projectos do primeiro período de funcionamento da Academia Real das Ciências - Dicionário da Língua Portuguesa, publicação e documentos relativos à história de Portugal, uma história da literatura, o Mapa do comércio de Portugal com as nações estrangeiras, etc. Inclui ainda a "História da Academia Real das Ciências de Lisboa", desde o seu princípio até 1788, da sua autoria, enquanto secretário perpétuo dessa instituição, memórias preparadas para apresentar na Academia, num período que abrange a década de 1780 e princípio da de 1790 (algumas incompletas ou simples rascunhos), época em que Correia da Serra era responsável pelas comunicações relacionadas com a promoção da agricultura; notas de pesquisa, elogios fúnebres a membros da Academia Real das Ciências falecidos, entre os quais o Marquês de Angeja, António Domingues do Paço, Marquês de Penalva, Conde de Vimieiro, Benjamin Franklin, João de Loureiro, Fr. José Maine, Principal Mascarenhas e José de Melo Breyner. Inclui também correspondência recebida no âmbito das actividades ligadas à Academia, inclusivamente a de bolseiros por ela enviados para vários pontos da Europa.

Inclui também o catálogo da sua biblioteca.
Arrangement
A documentação encontra-se dividida em três grupos:

A - Manuscritos de Correia da Serra (datados de 1757 a 1795), ordenados cronologicamente.

B - Cartas escritas a Correia da Serra (entre 1757 e 1795), ordenadas cronologicamente.

C - Miscelânea (documentos diversos, não escritos por Correia da Serra).
Access restrictions
Comunicável sem restrições legais.
Conditions governing use
Sujeita a algumas restrições tendo em conta o tipo dos documentos, o seu estado de conservação ou o fim a que se destina a reprodução de alguns documentos, analisadas, caso a caso, pelo serviço de reprografia, de acordo com as normas que regulam os direitos de propriedade do IAN/TT - entre outros autorização da Direcção para efeitos de publicação - e a legislação sobre direitos de autor e direitos conexos.
Language of the material
Português, francês, grego, inglês, italiano e latim.
Other finding aid
ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO - [Base de dados de descrição arquivística]. [Em linha]. Lisboa: ANTT, 2000- . Disponível no Sítio Web e na Sala de Referência da Torre do Tombo. Em actualização permanente.

Guias e Roteiros:

PORTUGAL. Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo. Direcção de Serviços de Arquivística - "Joaquim Francisco Correia da Serra". in Guia Geral dos Fundos da Torre do Tombo: Colecções, Arquivos de Pessoas Singulares, de Famílias, de Empresas, de Associações, de Comissões e de Congressos. Coord. Maria do Carmo Jasmins Dias Farinha [et al.]; elab. Lucília Runa; fot. José António Silva. Lisboa: IAN/TT, 2005. vol. VI. (Instrumentos de Descrição Documental). ISBN 972-8107-69-2. p. 130-134. Acessível no IAN/TT, IDD (L602/6).

Catálogo:

TEAGUE, Michael, compil.; Rocha, Manuela, trad. - Abade José Correia da Serra: documentos do seu arquivo [1751-1795]: catálogo do espólio. [Lisboa]: Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, cop. 1997. 99, [4] p. : il.. ISBN 972-97246-I-X. Acessível na Torre do Tombo, Lisboa, Portugal. (L 649).
Related material
Portugal, Torre do Tombo: Intendência Geral da Polícia, conta para as Secretarias, liv. 4, fl. 214; Ministério dos Negócios Estrangeiros (PT-TT-MNE), cx. 552 - correspondência da legação portuguesa em Washington, nº 65; cx. 955 - documentos diversos relativos a negócios diplomáticos e consulares, de comércio, navegação e outros assuntos.

Portugal, Torre do Tombo: Chancelaria de D. João VI (PT-TT-MCO/COM/COSBA), liv. 34, fl. 280 v.;

Portugal, Torre do Tombo: Inquisição de Évora (PT-TT-TSO/IE), processo nº 3833 - Francisco Rodrigues Serra, trisavô de Correia da Serra (1681); processo nº 5235 - Miguel da Serra, irmão de Francisco Rodrigues Serra (1667);

Portugal, Torre do Tombo: Inquisição de Lisboa (PT-TT-TSO/IL), processo nº 1911 - Manuel Rodrigues Serra, filho de Francisco Rodrigues Serra (1720).

Portugal, Academia das Ciências de Lisboa;

França, Musée d' Histoire Naturelle, Paris;

Inglaterra, Linnean Society, Londres.
Creation date
11/12/2006 00:00:00
Last modification
24/02/2016 16:54:30
Record not reviewed.