Mosteiro de Santa Maria de Belém de Lisboa

Description level
Fonds Fonds
Reference code
PT/TT/MSMB
Title type
Atribuído
Date range
1297 Date is certain to 1833 Date is certain
Dimension and support
82 liv., 6 mç.; perg., papel
Biography or history
O Mosteiro de Santa Maria de Belém era masculino, e pertencia à Ordem e Congregação de São Jerónimo.

O mosteiro também é conhecido por Mosteiro dos Jerónimos e por Mosteiro de Belém

Em 1496, foi fundado a 23 de Junho, pela bula "Eximiae devotionis" de Alexandre VI, que, a pedido do rei D. Manuel I, autorizava a transformação do eremitério de Santa Maria de Belém, pertencente à Ordem de Cristo, em mosteiro da Ordem de São Jerónimo.

Dois anos depois, D. Manuel I doou aos frades jerónimos o lugar de Santa Maria de Belém, para construção de um mosteiro que deveria ter capacidade para albergar 100 religiosos e onde deveria ser dada continuidade aos serviços públicos anteriormente prestados aos navegantes pela Ordem de Cristo. Tomada a posse do lugar, do ponto de vista material a 17 de Janeiro de 1499 e canónico a 21 de Abril de 1500, as obras tiveram início em 1502, sob a administração dos monges e de um vedor, passando em 1505 a serem geridas pela "Mesa dos Contos". As obras foram suportadas pela Coroa e confiadas e realizadas por Diogo Boitaca (primeiro arquitecto à frente das obras), João de Castilho, Diogo de Torralva e Jerónimo de Ruão.

Em 1517, por determinação de Leão X, o Mosteiro passou a casa-mãe da ordem e o seu prior, a Provincial. A reunião dos ofícios de Provincial e de Prior de Santa Maria de Belém manteve-se até 1574, ano em que o cardeal infante D. Henrique alterou alguns estatutos e constituições antigas da Ordem.

Em 1521, de acordo com vontade expressa de D. Manuel I, o monarca veio a ser sepultado na igreja do Mosteiro que, além de mausoléu do rei, passou também a panteão da família real.

Em 1551, a comunidade de Santa Maria de Belém era composta por cinquenta e cinco monges professos, dos quais trinta e cinco eram padres e quarenta servidores. O Mosteiro dispunha de uma renda anual de cinco mil cruzados, tinha quatro capelas quotidianas de membros da realeza, uma capela da invocação do Espírito Santo e Santo António e outra de São Leonardo. Tinha ainda duas confrarias regidas por leigos, uma do Espírito Santo e outra de Santo António e, dentro da cerca, quatro ermidas: uma da invocação de São Jerónimo, outra de Cristo, outra de Maria Madalena e outra de Nossa Senhora.

Em 1604, o rei Filipe II proíbiu os enterramentos na igreja e claustro alheios à Família Real, mas em 1606 foi levantada a proibição relativa ao claustro.

Em 1682, o rei D. Pedro II mandou executar as sepulturas de D. Sebastião e D. Henrique.

Em 1756, a 20 janeiro, na sequência do terramoto sofrido no ano anterior, caiu parte da abóbada sobre o coro-alto, reconstruída de imediato.

Em 1808, por ocasião da primeira invasão francesa, Junot levou esta obra para França. O rei de frança Luís XVIII comprou-a à viúva do marechal para a devolver a Portugal. Estes volumes regressaram para os Jerónimos em 1815, pela mão do ministro dos Negócios Estrangeiros, D. Miguel Pereira Forjaz.

Em 1833, por proposta da Junta do Exame do Estado Actual e Melhoramento Temporal das Ordens Regulares, encarregada da reforma geral eclesiástica, e por resolução de D. Pedro, duque de Bragança, datada de 10 de Dezembro, o Mosteiro foi suprimido para acolher a Casa Pia, instalada no edifício degradado do Mosteiro de Desterro.
Custodial history
Em 1865, a 20 de Junho, em virtude das Portarias de 26 de Novembro de 1863 e 24 de Agosto de 1864, os documentos pertencentes ao cartório do Mosteiro de Santa Maria de Belém, foram transferidos do cartório da Direcção-Geral dos Próprios Nacionais para o Arquivo da Torre do Tombo. Relação assinada por António Manuel Garcia, 2.º oficial arquivista do Arquivo da Direcção-Geral dos Próprios Nacionais, e por Roberto Augusto da Costa Campos, oficial diplomático da Torre do Tombo.

Em 1894, a 14 de Maio, os documentos pertencentes a este Convento, foram transferidos da Direcção-Geral dos Próprios Nacionais para o citado Arquivo. Relação assinada por A. J. Campos de Magalhães e por Roberto Augusto da Costa Campos, inspector dos arquivos públicos.

Em Outrubro de 1998, foi decidido abandonar a arrumação geográfica por nome das localidades onde se situavam os conventos ou mosteiros, para adoptar a agregação dos fundos por ordens religiosas.

Em 2007, no âmbito da rearrumação da documentação guardada na Casa Forte foram retirados da colecção Crónicas os cinco volumes das Crónicas de Belém, e foram integradas neste fundo, recebendo as cotas Ordem de São Jerónimo, Mosteiro de Santa Maria de Belém, liv. 74 a 78.

Em 2017, a 7 de setembro, um documento foi adquirido por doação de Fábio Shiro Mori Monteiro. Recebeu a cota Mosteiro de Santa Maria de Belém, mç. , n.º .
Scope and content
Contém livros de profissões (1509-1639), de cobrança de rendas, de foros e juros reais (1576), de quitação, de receita e despesa, de administração de quintas, de assento e resolução da Mesa da Fazenda do Mosteiro, do index e de prazos do cartório de Margaride, breves do núncio para o provisor do arcebispado de Lisboa, bulas de Júlio II, de Alexandre VII, de Xisto V, alvarás régios para a casa de Santa Maria de Guadalupe, e de D. João III, testamentos, apontamentos, inventários de bens, listas de despesas, requerimentos, cartas de monitória e precatória, de renúncia, de libelo, de demanda, de inquirição, de partilha, de posse, de emprazamento, de aforamento, de compra e venda, de escambo, de licença, de nomeação, de reclusão de religiosos, de concerto, de partilha, de procuração, de doação, de arrendamento, de provisão, de prorrogação, de confirmação, sentença, petição e despacho, demarcação de terras, postura, carta ilibatória do bispo de Angra, cartas de privilégio de D. Afonso V, de D. Filipe III, de D. João IV, de D. Pedro II, de D. Sebastião e de D. José I, um caderno de tombos das quintas da Atalaia, Palmeira e Fernão Ferro (1600).

Inclui ainda traslados do século XVIII de documentos dos séculos XV e XVI, uma certidão relativa a pagamento de sisa, acórdão relativo à Igreja de São Miguel de Pena, avaliações de contrastes, denúncia do padroado da Igreja de São Pedro de Vila Real de Trás-os-Montes, contas de paramentos e jóias, obrigações de ourives, papéis relativos a obras do Mosteiro.

Compreende também documentos relativos ao pagamento do quarto das terras, ao donativo ou subsídio pago pela Ordem de São Jerónimo para a defesa do reino, por ocasião da aclamação de D. João IV.

É neste fundo que se encontra um dos tesouros da iluminura. a Bíblia dos Jerónimos, em 7 volumes (liv. 67a 73).

A documentação menciona bens situados em Almada, nas Arcas termo de Coina, em Cocena e Caldeiras, em Oeiras, no Porto do Bugio, em Pera Manca, nas Quintas da Atalaia, e da Granja concelho de Felgueiras, na Marinha, na Palmeira, nas Vacas, em Valbom, em Évora, em Silveira e Outurela, em Paio Calvo, em Vila Real e em Lordelo.

A documentação refere a infante D. Brites, D. Maria I, D. Dinis, o padre quinteiro, Alexandre VI, Martinho e Nicolau V, Pero Travaços (vedor do mosteiro), João Leitão (escrivão), frei Gonçalo de Castelo Branco (monge de Belém), a condessa da Vidigueira, o bispo de Angra, o arcebispo de Lisboa, D. Jorge de Almeida, o papa Xisto V, o cardeal arcebispo de Latere, os ministros de Braga, o padre Manuel Lopes Monteiro, o cardeal Raimundo, o prior e os frades do Mosteiro, Lourenço Lopes, Afonso Álvares e Pedro Lombardo.

A documentação refere ainda o Convento de Pombeiro, a Igreja de São Dinis de Vila Real, o Convento de Nossa Senhora do Carmo, o Colégio da Ordem de São Jerónimo, a Abadia de São Tiago de Mendrões, a Igreja de São Miguel de Pena, as Igrejas de Santa Maria de Vila Maria, de Santa Maria Madalena de Lordelo, e de Vila Real.

Fundos Eclesiásticos; Ordem de São Jerónimo; Masculino
Arrangement
Ordenação numérica específica para cada tipo de unidade de instalação (livros e maços).
Access restrictions
Contém documentos sujeitos a autorização para consulta e horário restrito.
Other finding aid
ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO - [Base de dados de descrição arquivística]. [Em linha]. Lisboa: ANTT, 2000- . Disponível no Sítio Web e na Sala de Referência da Torre do Tombo. Em actualização permanente.

Relação de documentos vindos da Direcção-Geral dos Próprios Nacionais, em 14 de Maio de 1894, (organização topográfica: A-L) (C 278) f. 70-81.

Relação dos documentos pertencentes ao cartório do Mosteiro de Santa Maria de Belém que, em virtude das Portarias de 26 de Novembro de 1863 e 24 de Agosto de 1864, foram transferidos do cartório da Direcção-Geral dos Próprios Nacionais para o Arquivo da Torre do Tombo, em 20 de Junho de 1865 (C 301).
Alternative form available
Existem cópias de consulta em microfilme e em formato digital.
Related material
Portugal, Arquivo Distrital do Porto.

Portugal, Arquivo Municipal Alfredo Pimenta.

Portugal, Biblioteca da Ajuda.

Portugal, Biblioteca Nacional.

Portugal, Biblioteca Pública Municipal de Viseu.

Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 130, 219, 263, 602, 734, 744, 802, 806, 827, 859, 892, 1646, 1693, 1709, 1776, 1858, 1859 e 1860, 2112, 2139, 2557, 2560, 2567, 2568.

Portugal, Torre do Tombo, Manuscritos da Livraria, n.º 1127 - "Ferculo de Monasteriis", de frei Diogo de Jesus. 1666.

Portugal, Torre do Tombo, Ministério das Finanças, liv. 7642, f. 142v, 173v.
Publication notes
SANTOS, Cândido dos - "Os Jerónimos em Portugal: das origens aos fins do século XVII". 2.ª ed. Porto: Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, 1996. ISBN 972-96608-1-6.
"Ordens religiosas em Portugal: das origens a Trento: guia histórico". Dir. Bernardo de Vasconcelos e Sousa. Lisboa: Livros Horizonte, 2005. ISBN 972-24-1433-X. p. 159-160.
Creation date
07/04/2011 00:00:00
Last modification
11/08/2023 09:42:56