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Associação do Asilo para Educação de Costureiras e Criadas de Servir

Description level
Instalation unit Instalation unit
Reference code
PT/TT/AC/Tcx4
Title type
Formal
Date range
1777 Date is certain to 1910 Date is certain
Dimension and support
1 mç.; papel
Extents
1 Maços
Biography or history
A Associação do Asilo para Educação de Costureiras e Criadas de Servir estava situada na Rua das Trinas, onde no século XVI um comerciante flamengo, Cornélio Vandali, e a sua mulher, Marta de Boz, possuíam propriedades, incluindo uma ermida dedicada a Nossa Senhora da Soledade. Aí foi fundado o Convento das Trinas Recoletas do Mocambo. Como os proprietários não tivessem descendência legaram os seus bens para a edificação de um mosteiro. A partir de 1661, depois da abertura do testamento de Cornelio Vandali, em 1657, foram habitá-lo as freiras da Ordem da Santíssima Trindade. Em 1660, a 29 de Outubro, através da intervenção da rainha D. Luísa de Gusmão, viúva de D. João IV, obteve-se licença por bula de Alexandre VII, para o recolhimento passar a convento. As primeiras religiosas vieram do Convento do Livramento, ao Calvário, uma das quais era a madre soror Catarina de Santo António, sobrinha de Marta de Boz. A zona onde se situava o convento era povoada por homens ligados ao mar e por homens de raça negra. Após o terramoto de 1755, as religiosas foram obrigadas a abandoná-lo e a acomodarem-se numa quinta que foi emprestada por Francisco da Silva. Em 1757, a 8 de Janeiro, depois do edifício sofrer obras de remodelação as irmãs trinas regressaram ao mesmo. Devido à lei do encerramento dos conventos dos religiosos promulgada por Joaquim António de Aguiar em 1834, e porque o encerramento dos conventos femininos estava condicionado pela morte da última religiosa, o convento passou a albergar as irmãs Hospitaleiras (da Ordem de São Francisco de Assis) de São Patrício, vindas das Escadinhas de São Crispim, perto da Costa do Castelo. Em 1878, após a morte da última freira trina, o edifício passou a ser habitado exclusivamente pelas Franciscanas, que aí o habitaram até 1910. Este convento conserva uma lápide no exterior, que diz que aí viveu desde 1878 até à sua morte, ocorrida a 1 de Dezembro de 1888, a serva de Deus madre Maria Clara do Menino Jesus, cujo nome era Libânia do Carmo Galvão Mexia de Moura Teles e Albuquerque, fundadora da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição. Em 1884, foi fundada a Associação do Asilo para Educação de Costureiras e Criadas de Servir. O Asilo situava-se na Rua das Trinas, em Lisboa. No mesmo ano, a 11 de fevereiro, a Direção reuniu novamente para tomar conhecimento da Portaria do Ministro da Justiça, que lhes dava a posse provisória de uma parte do Convento das Francesinhas, e resolveu-se, quando abrissem as cortes, fosse pedida a posse definitiva. O conselheiro António Augusto de Aguiar, então ministro das Obras Públicas, mandou passar uma portaria concedendo 800$000 rs para as obras do Convento das Francesinhas. Em 1884, em Maio, o presidente da Associação, e D. José de Carvalho Daun e Lorena tomaram posse oficial de parte do Convento das Francesinhas, tendo-se lavrado nessa ocasião um auto assinado pelo Cardeal Patriarca. O original ficou, desde então, no Arquivo da Associação, tendo a cópia sido entregue ao Cardeal.

Em 1885, em Fevereiro, a madre abadessa do Convento das Francesinhas cedeu grande parte da cerca do seu convento, para recreio das asiladas. A Associação tomou posse no dia 26 do mesmo mês. Iniciaram-se obras e abriu-se um portão para o Caminho Novo, fazendo-se outros concertos. Nessa época, o asilo era pouco conhecido pela população que não raras vezes perguntava para que servia. Só em 1885, a 30 de Novembro, ficaram concluídas as obras do Convento das Francesinhas, fez-se então a mudança do asilo desde as intalações do Recolhimento das Irmãs da Caridade das Trinas de Mocambo, Rua das Trinas, para o novo local o Convento das Francesinhas ao Caminho Novo, em Lisboa. Em 1886, a 24 de Janeiro, reuniu a Assembleia Geral, presidida pelo conde da Praia e de Monforte, sendo secretários D. José de Carvalho Daun e Lorena, e Frederico Pereira Palha, procedeu-se a nova eleição, para administrar o Asilo durante 3 anos. Foi eleito presidente D. José de Saldanha Oliveira e Sousa. Em 1890, a 9 de Março, faleceu a madre abadessa deste Convento das Francesinhas ao Caminho Novo, em Lisboa. O enterro foi pago pela associação em sinal da gratidão pela caridade com que a madre tinha acolhido as asiladas no seu Convento das Francesinhas. Os seus restos mortais foram depositados no jazigo do presidente desta direção. Estando em 1890, de posse de todo o convento, igreja e cerquinha, exceto do pátio de entrada e de uns casebres anexos, em virtude da posse da cerca pela Fazenda Nacional.

A fundadora deste convento, foi a rainha D. Maria Francisca Isabel de Sabóia cujos restos mortais, assim como os de sua filha se encontram no coro desta Igreja, deixou um legado com a obrigação de 300 missas anuais à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Esta obra de beneficência contou sempre com o auxílio de benfeitores da mais variada procedência, destacando-se em alguns relatórios anuais os padres Joaquim Lourenço Leitão, Cristóvão José Rooney (que mais tarde seria nomeado procurador das Missões do Congo e Angola), aos Drs. Joaquim José Rodrigues da Câmara, Francisco Lourenço da Fonseca júnior, e Gama Pinto, e ao padre Bernardino Pereira Monteiro, 1892. As Irmãs Hospitaleiras mantiveram-se na administração interna do asilo, e emprestavam a sua Casa, em Santa Cruz, para as meninas irem apanhar ares. Em 1893, a irmã Luciana dos Anjos deixou de dirigir o asilo por motivo de saúde e foi substituída pela Irmã Amada de Deus, superiora, que estava ao serviço do Asilo desde a sua fundação. Em 1893, em Agosto, foram alojadas numa parte do edifício do asilo, seis irmãs Canossianas, a pedido da Direção da Associação das Missões Ultramarinas, que vieram para Portugal, a fim de aprender a língua portuguesa. No final do mês de Dezembro, as mesmas partiram com destino a São Salvador de Vairão, e depois para as Missões do Oriente. As despesas de hospedagem correram por conta da Associação das Missões. Em 1908, foi comunicada na reunião da Assembleia Geral, presidida pela viscondessa de Carvalho, por decisão do próprio D. José de Saldanha de Oliveira e Sousa, o pedido da exoneração do cargo de presidente da Associação, na qual colaborara durante 28 anos.

Scope and content
A documentação inserta neste maço inclui informações sobre as atividades realizadas na instituição, e pelos membros da associação, desde a sua fundação, bem como as mudanças de instalações que ocorreram, e a congregação que administrava o asilo.

Contém documentação relativa à administração do Asilo:

- Relatórios anuais produzidos pela Direção, receita e despesa, orçamento, verbas, relações, envelope intitulado “Convento das Francesinhas” com fragmentos manuscritos, apontamentos com entradas lexicais portuguesas, e um envelope endereçado à Irmã Maria de Lourdes, Asilo, Rua João das Regras, Lisboa, rascunhos das asiladas das tarefas (de costura e outras);

- Despesas diversas dos anos 1883-1889, feitas pelo asilo, do enterro da última religiosa do convento das Francesinhas; sermão da segunda dominga do Advento pregado no Convento das Francesinhas de Lisboa, 1777, sem identificação do autor (4 f. ms.);

- Documento do Jubileu do Sagrado Lausperene concedido às sorores franciscanas (vulgo Trinas) com iluminuras, assinado pelo Patriarca (imp.);

- Parecer da Comissão revisora de Contas; despesas com a cerca das Francesinhas, em 1886; traslado da escritura de doação de um terreno no Estoril, feita por José Viana da Silva Carvalho e sua mulher D. Maria Aranha da Guerra Quaresma Viana, para a Associação, Lisboa, 21 de Janeiro de 1901.

Inclui um envelope com documentos relativos à construção do Sanatório do Estoril, situado no Bairro Novo, no Alto Estoril (em Santo António):

- Lista das pessoas que contribuíram para a edificação do sanatório para as asiladas, 1899-1905; guias de remessa, da Quinta da Penha Longa - para a obra da quinta do Estoril, 1901; recibos de materiais de construção, 1901-1902;

- Certidão de batismo de Alice, nascida a 5 de Agosto de 1898, filha ilegítima de Inácia de Jesus Dias Jorge, doméstica, natural da freguesia de Proença-a-Nova, e moradora na Rua do Jardim do Tabaco, passada pelo Hospital de São José, 17, Julho de 1903, entre outros.

De acordo com o Relatório da Associação dos Asilos para Educação de Costureiras e Criadas de Servir, 1905-1906, apresentado pela Direção, em 3 de Fevereiro de 1907, em harmonia com a disposição dos estatutos, apresentava-se o número de entrada e saída das asiladas (entregues à família, colocadas pela Associação, falecidas). Relativamente aos cuidados de saúde, as asiladas recebiam tratamento no Sanatório do Outão, e no Sanatório de Santa Ana, Parede, contando com a colaboração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e do conselheiro António Augusto Pereira de Miranda, que ordenava que fosse fornecido, gratuitamente, óleo de fígado de bacalhau para o asilo através da Santa Casa. Quanto ao rendimento do trabalho das asiladas era dividido em duas partes, correspondia à costura para o seu próprio uso, e outra destinada à Casa. Os trabalhos realizados eram de modista, concertos ou arranjos, lavagem de roupa, engomados, bordados e flores. O albergue alojava as mesmas. As contas da receita provinham de donativos, subscrições, juros de inscrições, juros do Montepio Geral, pensionistas, Instituto Ultramarino (do tratamento de uma asilada); legado de Manuel Xavier Fortes; instalação de asiladas e albergue.

As contas de despesa incluíam a alimentação, vestuário, móveis, utensílios, culto, despesas diversas, gastos gerais, capitalização de fundos, entre outros. Em 1884, de acordo com a decisão da última Assembleia Geral, promoveu-se à venda do terreno e das ruínas da construção incendiada de uma propriedade no Estoril. A propriedade foi avaliada pelos Próprios Nacionais, tendo sido posta em praça não teve licitantes. O relatório termina com os agradecimentos aos benfeitores da associação, especialmente às Irmãs Hospitaleiras que continuavam a dirigir e a administrar internamente o asilo; ao padre João Mendes Cardona, à Assistência Nacional aos Tuberculosos, a D. Sofia da Silva e aos Drs. Almeida Ribeiro, Gama Pinto, Manuel Caroça, Tiago Marques, e ao Marquês de Sousa Holstein, e Jorge Filipe Cosmelli. Na ausência do presidente as competências eram delegadas à 1ª secretária, a viscondessa de Carvalho (D. Maria da Purificação José de Melo). A direção era constituída ainda pela 2ª secretária, D. Maria Emília Brandão O'Neill Pereira Palha, e pelo tesoureiro Frederico P. Palha. Os sócios da Associação eram a rainha D. Maria Pia, a rainha de Espanha, a condessa do Alto Mearim, condessa d'Azinhaga, condessa de Penha Longa, D. Maria Aranha da Guerra Quaresma Viana, D. Maria Helena Jervis d'Atouguia e Almeida, D. Sofia da Silva, viscondessa de Carvalho, viscondessa de Sistelo; Augusto de Freitas (Hamburgo); D. José de Saldanha Oliveira e Sousa, entre outros. As pessoas que faziam donativos, também eram mencionadas. Dos sócios que pagavam quotas (subscritores) faziam parte: D. Ana de Serpa Pimentel Osório; D. Carolina Augusta Picaluga Paiva de Andrade; condessa de Burnay; duquesa de Ávila e Bolama; D. Maria Emília Brandão O'Neill Pereira Palha; D. Teresa Roma du Bocage; D. Teresa Saldanha e Castro; Domingos da Câmara Berquó; D. João d'Alarcão Velasques Sarmento Osório, entre outros. O relatório inclui ainda a relação nominal das asiladas - Júlia, Idalina, Alice, Zulmira, Albertina, Carmelinda, entre outras, bem como a data de entrada e o destino que tiveram.
Physical location
Arquivo das Congregações, Trinas, cx. 4
Language of the material
Português e Latim
Other finding aid
A unidade de instalação não dispõe de instrumentos de descrição.
Type of container
Outro
Notes
Nota ao elemento de informação "Âmbito e conteúdo": Falta o relatório de actividades desta Associação, datado de 1909 -1910, só existe a capa (uma folha dobrada).

Na etiqueta da caixa 4 diz: Hospitaleiras, Trinas, Francesinhas. Para a compreensão desta etiqueta, deve ler-se a história administrativa.

Maço constituído por seis exemplares do Relatório da Associação dos Asilos para Educação de Costureiras e Criadas de Servir, 1905-1906, Apresentado pela direcção em 3 de Fevereiro de 1907. Lisboa: Tipografia Universal. Imprensa da Casa Real, 1907, 26 p.; por dois envelopes intitulados: Sanatório do Estoril, e Convento das Francesinhas.

Um documento, de grande formato, com iluminuras.
Creation date
21/05/2009 00:00:00
Last modification
25/10/2021 10:20:30