Colégio de São Jerónimo de Coimbra

Description level
Fonds Fonds
Reference code
PT/TT/CSJC
Title type
Atribuído
Date range
1476 Date is certain to 1828 Date is certain
Dimension and support
7 liv, 1 mç.; perg., papel
Biography or history
O Colégio de São Jerónimo de Coimbra era masculino, e pertencia à Ordem e Congregação de São Jerónimo.

Instituído por D. João III, o Colégio da Ordem de São Jerónimo funcionou, desde 1535, no Mosteiro de São Jerónimo de Penha Longa, vindo a ser transferido, em 1537, para o Mosteiro de Santa Marinha da Costa, em Guimarães, por conveniência dos estudos de D. Duarte, filho de D. João III. Durante a sua permanência nesta cidade, sendo o Infante comendatário do Mosteiro de São Miguel de Refojos, D. João III, sem sucesso, tentou obter do papado autorização para anexar as rendas do Mosteiro ao Colégio dos Jerónimos. Após a morte de D. Duarte, em 1543, o rei voltou a insistir na anexação das rendas de Refojos ao Colégio, que entretanto tinha sido deslocado de Santa Marinha da Costa, para Coimbra. Numa carta ao seu embaixador em Roma, datada de 1545, D. João III acabou por admitir, que no caso de o papa não conceder a anexação de Refojos, lhe fosse dado o Mosteiro em comenda ou administração, para o entregar a frei Diogo de Murça, frade Jerónimo e mestre em Teologia. O pedido do rei foi renovado por carta de 14 de Outubro de 1546 tendo finalmente o papado deferido o pedido. Já abade comendatário de São Miguel de Refojos de Basto, frei Diogo de Murça suplicou ao papa Paulo III a extinção deste Mosteiro e a aplicação das suas rendas à fundação de dois colégios: um de São Jerónimo e outro de São Bento; o que restasse, pagas as despesas com mestres e colegiais, seria atribuído a estudantes pobres da Universidade. O pedido de frei Diogo de Murça foi autorizado pela bula "In eminenti Apostolicae Sedis" de 28 de Março de 1549. Iniciou-se então o processo de fundação do Colégio de São Jerónimo de Coimbra, que viria a ser entregue à administração do superior da Ordem.

A 19 de Dezembro de 1553, os Colégios de São Jerónimo e de São Bento de Coimbra, ainda sem instalações próprias, foram incorporados na Universidade, por iniciativa de frei Diogo de Murça, administrador dos dois colégios recém-fundados, e reitor da Universidade entre 1543 e 1555. Do ponto de vista pedagógico, a instituição foi influenciada, desde os seus primeiros tempos, pela orientação de frei Diogo de Murça, que lhe chegou a redigir estatutos, hoje desconhecidos. Os estudos englobavam a Gramática, as Artes e a Teologia. Por licença apostólica de Paulo III, datada de 1540, o Colégio tinha faculdade para conceder graus de bacharel, licenciado, mestre e doutor e os seus graduados gozavam dos mesmos privilégios e isenções determinados pela Universidade de Coimbra para os graduados equivalentes.

As primeiras diligências dos jerónimos para edificação de um colégio universitário, em Coimbra, datam de 1549, ano em que a Ordem adquiriu um terreno, próximo do castelo e da porta oriental da cidade, para aí construir o seu Colégio. A partir de 1550, os religiosos instalaram-se, provisoriamente, numas casas já existentes no terreno adquirido e deram início à vida colegial. A precariedade das primeiras instalações criou a necessidade de albergar a comunidade colegial no edifício dos paços reais, onde estavam instaladas as escolas, mantendo-se o carácter provisório das instalações. Arrastando-se a questão da construção do Colégio, em 1562, os universitários, por intercessão de D. Catarina e a título de empréstimo precário, foram instalados no edifício do Colégio Real de São Paulo, de construção recente. Este edifício só mais tarde seria entregue aos colegiais paulistas.

Ao longo de toda a década de cinquenta e primeiros anos da década de sessenta do século XVI, enquanto foram mudando de residência, os jerónimos desenvolveram negociações com vista à ampliação da sua propriedade próxima do castelo, de modo a possibilitar a construção do Colégio. Os conflitos de interesses com a vizinha comunidade de padres da Companhia de Jesus prolongaram a questão do início da construção.

Em 1565, sob a protecção do cardeal regente D. Henrique, os jerónimos conseguiram adquirir as terras de que ainda necessitavam junto ao castelo, e começaram as obras de construção do Colégio.

Em 1834, no âmbito da "Reforma geral eclesiástica" empreendida pelo Ministro e Secretário de Estado, Joaquim António de Aguiar, executada pela Comissão da Reforma Geral do Clero (1833-1837), pelo Decreto de 30 de Maio, foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas de religiosos de todas as ordens religiosas, ficando as de religiosas, sujeitas aos respectivos bispos, até à morte da última freira, data do encerramento definitivo.

Os bens foram incorporados nos Próprios da Fazenda Nacional.
Custodial history
Em 1912, a documentação, que se encontrava na Biblioteca Nacional, foi enviada pela Inspecção das Bibliotecas e Arquivos para a Torre do Tombo.

Em Outrubro de 1998, foi decidido abandonar a arrumação geográfica por nome das localidades onde se situavam os conventos ou mosteiros, para adoptar a agregação dos fundos por ordens religiosas.
Scope and content
Contém o livro relativo à concórdia estabelecida para a constituição das rendas e fundação do Colégio de São Jerónimo, registo de concórdias sobre a repartição das rendas do Colégio, bulas e indultos apostólicos, livro de toda a fazenda do Real Colégio de São Jerónimo de Coimbra, códice factício com documentos originais e cópias relativos à notícia da fundação, à constituição das suas rendas e à origem das propriedades a partir da repartição das rendas do Mosteiro de São Miguel de Refojos de Basto por este colégio e o de São Bento (séc. XVI-XVII) contendo cartas de venda, de arrematação, de quitação, de demarcação, de doação, de instituição do Colégio (1542), de composição, de licença, de escambo. Contém também actas dos capítulos gerais e privados da Ordem de São Jerónimo; Masculino, provisões e avisos régios, cópias autênticas dos títulos antigos do cartório, certidões, procuração, prazos, instrumentos de posse, petições, alvarás régios, contrato de obrigação de pagamento de dívida, traslados, uma concórdia celebrada em capítulo privado, inventários de bens, cartas de arrendamento, apontamentos e actas de capítulos, mandado apostólico, instrumento de ratificação de composição, sentenças, pareceres, inventário dos títulos dos cartórios das igrejas e mosteiro cujas rendas foram anexadas ao Colégio (1558-1781), um códice factício com bulas e outros documentos de origem pontifícia ou eclesiástica (1476-1789), documentos originais do séc. XVI a XVIII, e o tombo da comenda de Santa Maria de Assunção de Lusais da Ordem de Cristo.

Fundos Eclesiásticos; Ordem de São Jerónimo; Masculino
Arrangement
Ordenação numérica específica para cada tipo de unidade de instalação (livros e maço).
Other finding aid
ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO - [Base de dados de descrição arquivística]. [Em linha]. Lisboa: ANTT, 2000- . Disponível no Sítio Web e na Sala de Referência da Torre do Tombo. Em actualização permanente.

Inventário dos cartórios recolhidos da Biblioteca Nacional, em 1912 (L 283) f. 56.
Related material
Portugal, Arquivo Municipal de Coimbra.

Portugal, Arquivo da Universidade de Coimbra.

Portugal, Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra.

Portugal, Torre do Tombo, Ministério das Finanças, cx. 2207, inv. n.º 108.
Publication notes
"Ordens religiosas em Portugal: das origens a Trento: guia histórico". Dir. Bernardo de Vasconcelos e Sousa. Lisboa: Livros Horizonte, 2005. ISBN 972-24-1433-X. p. 163-164.
SANTOS, Cândido dos - "Os Jerónimos em Portugal: das origens aos fins do século XVII". 2.ª ed. Porto: Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, 1996. ISBN 972-96608-1-6.
Creation date
07/04/2011 00:00:00
Last modification
11/08/2023 09:42:49