Fotografias da cidade da Beira.

Description level
SSR SSR
Reference code
PT/TT/CMZ-AF-GT/E/2-1
Title type
Formal
Descriptive dates
[1888-1940]
Dimension and support
27 u.i (álbuns, mço e cp.).
Scope and content
Integra documentação fotográfica referente à evolução e aspectos diversos da cidade da Beira, salientando, sobretudo, o seu património urbano, arquitectónico e social. Retratando a história da cidade, desde as origens até quase ao final da administração da Companhia de Moçambique, esta subsérie apresenta um interesse relevante, quando complementada pelo seu contexto histórico.

As origens da Beira remontam a 1887, quando é criado, no rio Aruângua - nome então dado pelos nativos ao rio Pungué - , junto à sua margem direita, um comando militar. Construído o posto, foi o seu comando entregue ao tenente Luís Inácio de Assunção, com a dupla missão de procurar evitar as incursões, na região, dos povos subordinados ao poder do Gungunhana e de ali criar o núcleo de um povoado.

Em honra do filho do rei D. Carlos, o príncipe da Beira, cujo nascimento ocorreu em 1887, foi dado à povoação nascente o nome de Beira.

Ao seu porto e Caminhos de ferro deve a Beira, em larga escala, o desenvolvimento que atingiu em pouco mais de 50 anos.

Com efeito, em 1890, a balizagem da barra do Pungué, iniciada em 1889, ficou completa, permitindo um fácil acesso ao porto de navegação de longo curso. No mesmo ano, a primeira Companhia de Moçambique, constituída em 1888 com o fim principal de realizar explorações mineiras em Manica, obteve a concessão do prazo Cheringoma, de que a foz do Pungué fazia parte. A intensificação do movimento comercial, proveniente, em grande parte, do desembarque de mercadorias destinadas à região mineira de Manica e à Rodésia, suscitou a instalação de uma delegação aduaneira na Beira, seguida, no ano seguinte, da criação das Repartições da Fazenda e Correios.

Entretanto, o Governo Central preocupado com as incursões das milícias da Bristish South Africa Chartered Cº, no território de Manica, e querendo proceder à ocupação efectiva da região, decidiu-se por uma concessão, por decreto de 11 de Fevereiro de 1891, de poderes majestáticos a uma nova Companhia de Moçambique, cuja carta definitiva lhe seria outorgada em 17 de Maio de 1897. A esta companhia foi cometido o encargo, assumido pelo Estado Português perante a Inglaterra pelo tratado de 1891, da construção de um caminho de ferro ligando a Beira à fronteira rodesiana, e de instalações portuárias na foz do Pungué, empreendimentos que, por negociações várias, viriam a ser levados a cabo, respectivamente, pela Beira Railways Ld. e Beira Works Ld.

O progresso da pequena vila teve como consequência a criação, em 1892, da comarca da Beira. Em 29 de Junho de 1907, atendendo à excepcional importância da sua posição e manifesto valor de movimento do seu porto e do tráfego do caminho de ferro, e em comemoração da visita do príncipe Real, Luís Filipe, a Beira foi elevada à categoria de cidade. Construída numa estrita faixa arenosa, que, seguindo a linha da costa, se prolonga por 8 Km até ao farol de Macúti, a cidade é atravessada por um pequeno curso de água, denominado Chiveve, que a divide aproximadamente a meio.

A vida municipal da Beira, que vinha sendo precariamente regulada por uma Comissão Sanitária, criada em 1898, passou a organizar-se em moldes mais eficazes, com a criação, em Agosto de 1914, da Comissão de Melhoramentos da cidade da Beira, que, em Novembro de 1925, seria substituída pela Comissão de Administração Urbana.

Em 1922, iniciou-se a exploração da linha férrea transzambeziana que viria a ligar a Beira à Zambézia e à Niassalândia (actual Malawi)e. Em 1935, 10 anos depois da construção da catedral, foi criada a Câmara Municipal da Beira.

Por decreto nº 31896, de 21 de Abril de 1942, o Estado voltou aassumir a directa administração de todo o território de Manica e Sofala, sendo de assinalar ainda, no mesmo ano, respectivamente, em Julho, a instituição do foral da cidade, e em 10 de Dezembro, a assinatura do contrato com a Sociedade Portuguesa de Fomento, para elaboração do plano de urbanização, a ser aprovado e posto em execução em 1947.

Coroando a série de esforços empreendidos ao longo de 50 anos pela Companhia de Moçambique, o Estado resgatou igualmente os dois mais importantes factores de progresso da cidade - o porto e o Caminho de Ferro da Beira-, passando a exercer a administração directa a partir, respectivamente, de 1 de Janeiro e 1 de Outubro de 1949.
Creation date
31/01/2008 00:00:00
Last modification
29/04/2011 21:44:22
Record not reviewed.