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Inventário de extinção do Convento de Santa Joana de Lisboa

Description level
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Reference code
PT/TT/MF-DGFP/E/002/00074
Title type
Atribuído
Date range
1856 Date is certain to 1924 Date is certain
Dimension and support
1 proc., plantas (2368 f.); papel
Custodial history
Da intervenção realizada em 2014, da remoção de reforços tirados da planta (cota -----?) surgiu uma nova planta (cota ?).

Scope and content
O Convento pertencia à Ordem de São Domingos, estava situado na Rua de Santa Marta, freguesia do Coração de Jesus, 3.º Bairro, de Lisboa. Foi extinto em 15 de Março de 1890.

Por ocasião da morte da última freira e no âmbito do inventário dos bens do Convento, vem referida a história da Fábrica do Santo Sepulcro e Tríduo de Sexta-Feira Santa até à Ressurreição, instituído na Capela de São Jacinto, no Convento de São Domingos em 1660, por frei Pedro de Magalhães, da Ordem de São Domingos, e como a sua administração passou para a comunidade de Santa Joana, em virtude da extinção das Ordens Religiosas e da mudança da freguesia de Santa Justa para a Igreja do extinto Convento de São Domingos.

Foi fundador D. Álvaro de Castro, fidalgo, proprietário da quinta de Andaluz de traça apalaçada, situada entre a saída de Lisboa e o lugar de Nossa Senhora da Luz, onde havia um chafariz denominado de Andaluz.

D. Álvaro de Castro (acompanhou o rei D. Sebastião na sua jornada a África) tinha um particular afecto pela Ordem de São Domingos, onde tinha um jazigo no Convento de Benfica.

Deixou em testamento, ao seu sobrinho D. Leonardo de Castro, as casas e quinta de Andaluz, com os olivais e mais pertenças dela, com a cláusula de que só herdassem os descendentes da linha recta, excluindo a transversal, e na falta daquela, seria herdeiro o Convento de Benfica, da Ordem de São Domingos.

Estipulou, que se edificasse uma igreja dedicada à princesa Santa Joana - irmã do rei D. João II, beatificada pelo papa Inocêncio XII, em 1693 - e um novo mosteiro de frades, da dita Ordem, que seria fundado nas casas e quinta, decorridos dois anos após a sua morte, sob o cuidado do provincial da época.

O último descendente foi D. João de Castro Teles, vice-rei, falecido em 1657, não deixou herdeiros, de modo que o morgadio passou para os frades de S. Domingos de Benfica.

Quando iniciou a governação o provincial mestre frei José Galrão quis dar cumprimento ao legado de D. Álvaro de Castro, mas foi impedido, devido a dificuldades surgidas quer por falta de rendas quer por aqueles que ambicionavam a quinta situada em local privilegiado. Nem todos os conventos da Ordem (incluindo os femininos) pertenciam à Província.

A fim de concretizar a disposição do testador, o provincial propôs a D. Pedro II (devoto de Santa Joana) efectivar a cláusula testamentária, sugerindo ao monarca a edificação de um templo dedicado à princesa Santa Joana, visto não haver nenhum no reino, e tendo como objectivo a missionação.

Por Alvará régio de 20 de Setembro de 1698, obteve-se licença para a edificação do Convento, na condição de existir um determinado número de religiosos que pudesse sustentar-se com as rendas do vínculo do morgado, e que todos os anos enviassem missionários à Índia Oriental.

No último trimestre de 1699, foi lançada a primeira pedra para a edificação da igreja na quinta de Andaluz, no dia de Santa Catarina, protectora da Ordem.

Assistiram ao acto no arcebispado de Lisboa, D. frei Pedro Fóios, com o título de bispo de Bona, da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, e também o provincial e os religiosos. Desde Outubro de 1699, houve frades que tomaram o hábito para noviços que pertenciam ao Convento novo de Santa Joana, como frei José de São Francisco, natural do Porto que tomara o hábito de noviço do coro no Convento de Santarém.

Frei António Pacheco, prior e vigário geral autorizou o padre mestre frei José Galrão, a empenhar e obrigar a livraria que tinha a seu uso, para a continuação das obras do Convento, em 11 de Junho de 1705.

A obra - igreja e Convento - foi projectada pelo arquitecto João Antunes, e executada por José Pereira, tendo sido concluída em 1706.

A partir de 1754, as religiosas começaram a instalar-se no Convento de Santa Joana, outrora masculino.

Por Breve do papa Bento XIV, datado de 23 de Agosto de 1756, com aprovação de D. José I, foi concedida licença para se incorporarem num só convento, as freiras de outros conventos que não tivessem rendimentos para poderem continuar independentes, ou freiras cujos mosteiros tivessem sido arruinados pelo terramoto de 1755.

Em 23 de Maio de 1765, o Convento era governado pela madre abadessa soror Maria Madalena de Mendonça.

Por conseguinte, o Mosteiro de Nossa Senhora da Rosa - ou do Rosário - foi incorporado no Convento de Santa Joana de Lisboa.

No arquivo do Convento da Rosa, existem documentos sobre a medida régia, de unir e incorporar neste último convento, em uma só comunidade as religiosas dos Conventos do Salvador, da Anunciada e da Rosa, cuja transferência das mesmas teve início em Fevereiro de 1766.

Em 28 de Agosto de 1890, encontrava-se instalada numa parte deste Convento, a Congregação das Irmãs Hospitaleiras Portuguesas que esteve no Convento de Nossa Senhora da Luz, em Arroios.

Contém inventários de descrição e avaliação dos bens imóveis (rústico e urbanos), minutas, móveis, títulos, imagens, alfaias, ornamentos, armação, objectos preciosos (ouro, prata, pedras), quadros, livros, móveis, dos foros, de prazos, bem como ofícios, relações de padrões de juros reais, índice do Livro de Foros de dinheiro do Real Convento de Santa Joana, n.º 47, listas de foros para arrematação (impressas), entre outros.

Inclui requerimentos da irmã Maria Clara, superiora geral das Irmãs Hospitaleiras Franciscanas Portuguesas, a solicitar cadeiras do coro de baixo do Convento para o das Trinas do Mocambo.

O cartório composto por livros e documentos, foi entregue à Inspecção Geral das Bibliotecas e Arquivos Públicos.

Integra o ofício de Júlio Dantas, Inspector das Bibliotecas Eruditas e Arquivos, e a relação de livros e documentos, que em virtude do Decreto de 2 de Outubro de 1862, foram transferidos para o Arquivo da Torre do Tombo. Foi assinada por Roberto Augusto da Costa Campos, oficial diplomático encarregado de receber os cartórios de Lisboa, por José Gomes Góis, e ainda pela prioresa Soror Maria da Glória (Convento de Santa Joana, a 13 de Novembro de 1863).

Alguns objectos foram entregues ao Museu Nacional de Belas Artes, entre outros.

Por Portaria Régia de 20 de Maio de 1880, foi concedida parte do Convento para albergar a Associação Protectora de Meninas Pobres, presidida por D. Teresa de Saldanha Oliveira e Sousa, e outra parte à Câmara Municipal de Lisboa, entre outras instituições.

Contempla o Decreto de 4 de Julho de 1890 da concessão provisória de ornamentos, paramentos e alfaias à Igreja da freguesia de Belas, um recibo do Convento, com selo de chapa (1889), bem como documentação da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e do Senhor Jesus da Via Sacra com sede no Convento de Santa Joana.

Reúne documentação de Domingos Serzedelo, condutor de Obras Públicas e Minas, relativa à empreitada de restauração de uma mina, uma planta do projecto (1896), e uma planta colorida do projecto de um depósito de água na mina de água da cerca do Convento de Santa Joana (1897), entre outros.

Compreende autos de arrematação, relação de confrontações de propriedades de prazos foreiros, cópia da procuração de D. Maria Graziela Zileri dal Verme Álvares Pereira de Melo, viúva de D. Jaime Caetano Álvares Pereira de Melo, residente em França (1898).

Reúne documentação relativa à Câmara Municipal de Lisboa sobre expropriação, venda de terrenos do extinto Convento e arruamentos, um conjunto de plantas (e duplicados): de perfis dos terrenos do extinto Convento, a saber: da Rua Camilo Castelo Branco, Avenida Duque de Loulé, rua paralela à Avenida Fontes Pereira de Melo, rua projectada entre a Avenida Duque de Loulé e Largo de Andaluz, desenhadas pelo engenheiro Pedro A. Arnaut de Meneses, bem como de terrenos confinando com propriedades dos herdeiros de Frederico Augusto Davidson (15 de Abril de 1898), do extinto Convento (Lisboa 14 de Setembro de 1899), da Praça Marquês de Pombal com a projectada Avenida da Índia, da Direcção Geral das Obras Públicas, da Câmara Municipal de Lisboa (21 de Junho de 1900), entre outros.

Inclui termos de entrega de objectos do extinto Convento a instituições eclesiásticas e civis.

Integra o Decreto de 6 de Junho de 1918 de Sidónio Pais, a autorizar a celebração do culto na Igreja do antigo Convento de Santa Joana.

Contém ainda listas de arrematações de bens móveis - quadros, oratórios - (1917) impressas.

A documentação menciona bens situados nos concelhos de Lisboa, Almada, Arruda, Alenquer, Azambuja, Barreiro, Belém, Cadaval, Cascais, Coruche, Ericeira, Loures, Mafra, Moita, Rio Maior, Santarém, Sintra, Setúbal, Torres Vedras, Vila Franca de Xira, entre outros.

"Foi sem dúvida este inventário um dos mais importantes e trabalhosos que se tem feito (...)", comentário do Diretor da Repartição de Fazenda do Distrito de Lisboa, em 22 de Abril de 1822, em ofício dirigido ao Diretor Geral dos Próprios Nacionais.
Physical location
Ministério das Finanças, Convento de Santa Joana de Lisboa, cx. 1975 a 1979
Original numbering
IV/A/13 (1) a IV/A/15 (56) - caixa 95, 95-A, 95-B, 96, 96-A
Language of the material
Português
Notes
O apontamento da "memória da fundação da Igreja e Convento de Santa Joana de Lisboa", foi retirado da obra de fr. Lucas de Santa Catarina, cronista da Ordem dos Pregadores, e académico da Academia Real, intitulada "História de São Domingos, Particular do Reino, e Conquistas de Portugal, oferecida a Sua Majestade el-rei D. João V", no ano de 1767.

A obra era composta por quatro volumes, sendo o capítulo XXXVII, do último tomo (p. 182) dedicado à Fundação do Convento de Santa Joana, da Ordem dos Pregadores, em Lisboa.



Documento selecionado para o projeto "Lx Conventos: Da cidade sacra à cidade laica. A extinção das ordens religiosas e as dinâmicas de transformação urbana na Lisboa do século XIX.", financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (PTDC/CPC-HAT/4703/2012). Este projeto tem como Instituição Proponente o Instituto de História de Arte, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, que decorreu entre Maio de 2013 e Abril de 2015.



Em 2014, no âmbito do citado projeto foram intervencionadas pelo Gabinete de Conservação e Restauro (GCR) as plantas: - - - - .

Creation date
19/03/2009 00:00:00
Last modification
12/07/2016 10:19:24