Convento de Santa Clara de Coimbra

Description level
Fonds Fonds
Reference code
PT/TT/CSCC
Title type
Atribuído
Descriptive dates
1243-[19--]
Dimension and support
43 liv., 42 mç.; papel, perg.
Biography or history
O Convento de Santa Clara de Coimbra era feminino, pertencia à Ordem dos Frades Menores, e à Província de Portugal da Observância.

Era também designado por Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, Mosteiro de Santa Isabel, Convento de Santa Clara-a-Velha, Convento de Santa Clara-a-Nova.

Em 1286, a 28 de Abril, foi lançada a primeira pedra do convento de religiosas, na margem esquerda do rio Mondego.

A iniciativa partiu de D. Mor Dias, dama nobre de Coimbra, filha de D. Vicente Dias, sobrejuíz de D. Afonso III e alcaide-mor de Coimbra, e de D. Boa Peres, neta do chanceler Julião Pais, que, ao tempo, e desde 1250, se encontrava recolhida em São João das Donas, convento feminino dependente dos crúzios de Coimbra.

Desde 1278, que D. Mor Dias, já empreendia esforços para a sua instituição. Mas na situação em que se encontrava, vivendo num mosteiro crúzio, iniciou-se uma contenda que durou cerca de trinta anos. De facto, estes religiosos opuseram-se veementemente à fundação que lhes retirava a posse de inúmeros bens e rendimentos, dizendo que D. Mor era soror professa de Santa Cruz e, por isso, dele dependente no espiritual e temporal. Não obstante a oposição, D. Mor Dias levou consigo algumas religiosas de São João das Donas, e fundou o novo cenóbio (junto dos franciscanos que tinham vindo dos Olivais para aí se instalarem em 1247).

Em 1302, morreu D. Mor, deixando em testamento os seus bens ao novo convento por ela fundado, mas o pleito prosseguiu e levou à extinção do cenóbio.

Em 1311, a 2 de Dezembro, foi extinto.

Em 1307, no entanto, começara a mediação e protecção da Rainha Santa Isabel, acabando por promover a refundação do convento de clarissas em 1314, com autorização concedida pelo papa Clemente V a 10 de Abril, do mesmo ano.

Em 1314, foi restaurado e o pleito entre as duas instituições terminou em 1319.

Em 1316, foi iniciada a segunda construção, custeada pela Rainha, que mandou ainda edificar junto do convento um hospital para trinta pobres, concluído em 1333, e um paço onde, em 1325, quando enviuvou, se recolheu.

O mestre e arquitecto régio responsável pela obra, até 1325, foi Domingos Domingues, que trabalhou igualmente no claustro de Alcobaça, a quem sucedeu Estêvão Domingues.

Entre 1326 e 1327, iniciou-se a construção dos claustros.

Em 1328, data do seu testamento deixou por vontade expressa para ser sepultada no mosteiro e, simultaneamente, doou bens e dinheiro para a construção de uma capela e para as obras do convento e mantimento das donas.

Em 1330 a 7 de Julho, foi sagrada a igreja conventual.

Logo no ano de 1331, o convento que constantemente estava submetido à acção das águas, foi fustigado pelas cheias do Mondego, que chegaram a cobrir o túmulo real, obrigando à construção de uma capela sepulcral a um nível superior da Igreja, onde em 1336, foi sepultada a Rainha.

Neste convento viveu e esteve sepultada Inês de Castro até à trasladação para Alcobaça.

Também, em 1480, nele professou a princesa D. Joana, perante a abadessa D. Margarida de Meneses.

No início do século XVI, D. Manuel mandou redecorar o templo, revestindo-o parcialmente com azulejos mudéjares e sevilhanos, dotando as capelas de altares com pinturas e esculturas flamengas e alemãs.

Em 1559 desmoronou-se o Paço da Rainha.

Em 1568, a comunidade passou de Claustral a Observante.

Entre 1612 e 1615, o pavimento sobreelevado foi estendido a toda a igreja, ficando a parte inferior, que entretanto ficou permanentemente inundada, transformada em cisterna.

Em 1649, o rei D. João IV, para remediar esta situação recorrente, das cheias do Mondego, mandou edificar um novo mosteiro, conhecido por Santa Clara a Nova, a meio da encosta do fronteiro monte, junto à ermida de Nossa Senhora da Esperança.

Em 1677, trasladou-se, então, a comunidade, para um local mais elevado na cidade de Coimbra, bem como o túmulo da Rainha Santa, abandonando assim aquela casa conventual, que passou a designar-se por Santa Clara-a-Velha.

Em 1834, no âmbito da "Reforma geral eclesiástica" empreendida pelo Ministro e Secretário de Estado, Joaquim António de Aguiar, executada pela Comissão da Reforma Geral do Clero (1833-1837), pelo Decreto de 30 de Maio, foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas de religiosos de todas as ordens religiosas, ficando as de religiosas, sujeitas aos respectivos bispos, até à morte da última freira, data do encerramento definitivo.

Os bens foram incorporados nos Próprios da Fazenda Nacional.

Em 1886, foi encerrado por falecimento da última freira.

Localização / freguesia: Santa Clara (Coimbra, Coimbra)
Custodial history
Em 1864, em virtude do Decreto de 2 de Outubro de 1862 e da Portaria de 9 de Julho de 1863, foram transferidos para a Torre do Tombo, os maços 24 a 38 de Documentos Particulares descritos na relação do Mosteiro de Santa Clara de Coimbra, assinada por D. Maria Antónia do Patrocínio, abadessa, e João Pedro da Costa Basto.

Em 1912, os livros 1 a 41, que se encontravam na Biblioteca Nacional, foram enviados pela Inspecção Geral das Bibliotecas e Arquivos Públicos à Torre do Tombo.

O livro 42 encontrava-se no fundo do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, liv. 54.

Parte da documentação esteve integrada na designada Colecção Especial. Entre os anos de 1938 e 1990, sempre que possível e considerando a sua proveniência, a documentação foi reintegrada nos fundos, numa tentativa de reconstituição dos cartórios de origem. Estes documentos foram ordenados cronologicamente, constituídos maços com cerca de 40 documentos, aos quais foi dada uma numeração sequencial.

A documentação foi sujeita a tratamento arquivístico, no final da década de 1990, empreendido por técnicos da Torre do Tombo e por investigadores externos. Em Outubro de 1998, foi decidido abandonar a arrumação geográfica por nome das localidades onde se situavam os conventos ou mosteiros, para adoptar a agregação dos fundos por ordens religiosas. Desta intervenção resultou o facto de cada ordem religiosa passar a ser considerada como grupo de fundos, e simultaneamente como fundo, constituído a partir da documentação proveniente da casa-mãe ou provincial, alteração esta que provocou a alteração de cotas nos fundos intervencionados.

Foram constituídas séries documentais segundo o princípio da ordem original sempre que possível (com base em índices de cartórios quando existentes), correspondendo à tipologia formal dos actos, e que, na generalidade, é documentação que se apresenta em livro. A documentação que se encontra instalada em maços foi considerada como uma colecção ao nível da série, com a designação de 'Documentos vários', não tendo sido objecto de intervenção.

Este projecto deu origem à publicação da monografia designada 'Ordens monástico-conventuais: inventário', com a coordenação de José Mattoso e Maria do Carmo Jasmins Dias Farinha.

Em 2023, no âmbito de estágio curricular foram feitas algumas descrições de documentos de diversos maços, elaboradas por Verónica Francisco (UNL - FCSH) a partir da consulta do documento.
Acquisition information
O Tombo de Gouveia foi comprado à Bilbarte Lda., em Dezembro 1979.
Scope and content
Contém documentos pontifícios, registo de patentes, documentos régios, documentos para confirmação régia, registo de visitações, autos de eleição de abadessas, tomadas de hábito, profissões, registo de óbitos de religiosos e seculares, tombos de propriedades do Mosteiro em Viseu, Sangalhos, Gouveia e outras localidades, demarcações de propriedades em Vila Nova da barca, Montemor, Campo de Borralha, Gatais, Sangalhos, Viseu e outros locais, prazos, sentença sobre o senhorio de Sangalhos, traslado do foral de Sangalhos, dado em 1514, recibos dos quartéis que o cenóbio pagava ao Convento de São Francisco da Ponte e certidões de missas, traslado (1758) do foral do Rabaçal (1514), índices do cartório do Convento, aforamentos, vendas, compras, composições, dotes, bulas, breves, privilégios, alvarás, entre outros.

Fundos Eclesiásticos; Ordem dos Frades Menores - Província de Portugal; Feminino
Arrangement
Organização em séries documentais correspondendo à tipologia formal dos actos.
Other finding aid
ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO - [Base de dados de descrição arquivística]. [Em linha]. Lisboa: ANTT, 2000- . Disponível no Sítio Web e na Sala de Referência da Torre do Tombo. Em actualização permanente.

INSTITUTO DOS ARQUIVOS NACIONAIS/TORRE DO TOMBO - "Ordens monástico-conventuais: inventário: Ordem de São Bento, Ordem do Carmo, Ordem dos Carmelitas Descalços, Ordem dos Frades Menores, Ordem da Conceição de Maria." Coord. José Mattoso, Maria do Carmo Jasmins Dias Farinha. Lisboa: IAN/TT, 2002. XIX, 438 p. ISBN 972-8107-63-3. (L 615) p. 245-253

Inventário dos cartórios recolhidos da Biblioteca Nacional, em 1912 (L 283) f. 48-51.

Inventário dos documentos pertencentes ao Mosteiro de Santa Clara de Coimbra que, em virtude do Decreto de 2 de Outubro de 1862 e Portaria de 9 de Julho de 1863, foram transferidos para o Arquivo da Torre do Tombo, em 26 de Setembro de 1864 (L 288).
Related material
Portugal, Torre do Tombo, Ministério das Finanças, cx. 1902, 1903, 1904.

Portugal, Torre do Tombo, Secretaria de Estado dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça cx. 38, mç. 4.

Portugal, Arquivo Distrital de Braga.

Portugal, Arquivo da Universidade de Coimbra.

Portugal, Biblioteca Nacional.
Publication notes
"Ordens religiosas em Portugal: das origens a Trento: guia histórico". Dir. Bernardo de Vasconcelos e Sousa. Lisboa: Livros Horizonte, 2005. ISBN 972-24-1433-X. p. 295-296
SANTOS, Ana Paula Pratas Figueira - A fundação do Mosteiro de Santa Clara de Coimbra: Da instituição por D. Mor Dias à intervenção da Rainha Santa Isabel. Dissertação de Mestrado em História da Idade Média apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Coimbra: Faculdade de Letras, 2000.
Creation date
05/04/2011 00:00:00
Last modification
11/08/2023 09:47:05