Digital representation
Digital representation thumbnail
Available services

Carta do padre Manuel da Nóbrega dirigida ao Rei expondo como viviam os naturais da capitania de Olinda, os eclesiásticos que encontrou, o estado da prática cristã, a existência de ódio e de bandos, a casa que queria construir para recolher os filhos e filhas dos homens brancos e de negras forras ou de mulheres índias, o que precisava para a manutenção da casa, e pede obreiros, padres e irmãos, que venham para o trabalho a fazer

Description level
Item Item
Reference code
PT/TT/CC/1/86/125
Title type
Formal
Date range
1551-09-14 Date is certain to Date is certain
Descriptive dates
Olinda
Dimension and support
1 doc.; papel
Scope and content
A carta menciona que ele e outro padre chegaram à Capitania de Duarte Coelho, e refere uma anterior, em que dava informações sobre "esta terra" mas, em virtude de ser novo e não ter tanta experiência desta Capitania, ficaram coisas por dizer, o que fazia agora.

Refere que viviam muito seguramente nos pecados de todo o género, o que "tinham por lei e costume", que os cinco ou seis eclesiásticos que encontrou, viviam do mesmo modo, e que tinham abandonado a prática cristã; que as pessoas mostravam a ignorância das coisas da fé católica e "pareceu-lhes novidade a pregação delas"; que "quase todos têm negras forras do gentio e quando querem se vão para os seus"; que o sertão está cheio de cristãos grandes e pequenos, machos e fêmeas que se criavam nos custumes dos gentios, que "havia grandes ódios e bandos", as coisas da igreja muito mal regidas, assim como a justiça. Que em resultado do seu trabalho "os que estavam em ódio se reconciliaram" e que se íam juntando os filhos dos cristãos que andavam perdidos pelo sertão, esperando tirar todos.

Pede ao Rei que assuma o exercício da justiça em toda a costa, em virtude de Duarte Coelho já ser velho. "Com os escravos que são muitos se faz muito fruto", mas pede ao Rei que envie mais padres, pois nem chegam para assistir aos cristãos. Diz que vão construir uma casa para recolher todas as moças e mulheres do gentio, que há muitos anos vivem entre os cristãos, e são cristãs, e têm filhos dos homens brancos, e os mesmos homens que as tinham ordenam esta casa. "[...] pelo tempo em diante muitas casarão". Diz, também, que "por toda a costa há muitos homens casados em Portugal, que vivem cá em graves pecados"; que os moradores ajudam com o que podem para fazer estas casas para os meninos do gentio se criarem; que o Colégio da Baía, que está já bem principiado, terá cerca de vinte meninos, e pede ao Rei que mande dar alguns escravos da Guiné para fazerem os mantimentos da casa; que a terra é tão fértil que facilmente se manterão, e vestirão muitos meninos se tiverem alguns escravos que façam roças de mantimentos e algodões, "e para nós não é necessário nada porque a terra é tal que um só morador é poderoso a manter um de nós". Pede também que o Rei mande para as outras capitanias mulheres órfãs porque todas casarão. Nesta não são necessárias pois há muitas filhas de homens brancos e de índias da terra "[...] e alguns diziam que não pecavam porque o bispo do Funchal lhes dava licença".

Refere que "o Governador Tomé de Sousa lhe pediu um padre para ir com certa gente, que Vossa Alteza manda a descobrir ouro e eu lho prometi porque também nos releva descobri-lo para o tesouro de Jesus Cristo [...]". Menciona ainda "o bispo que esperamos". Assina Manuel da Nóbrega.
Access restrictions
Documentação sujeita a autorização para a consulta e a horário restrito.
Physical location
Corpo Cronológico, Parte I, mç. 86, n.º 125
Language of the material
Português, latim
Other finding aid
ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO - [Base de dados de descrição arquivística]. [Em linha]. Lisboa: ANTT, 2000- . Disponível no Sítio Web e na Sala de Referência da Torre do Tombo. Em actualização permanente.
Creation date
26/03/2010 00:00:00
Last modification
05/01/2022 14:09:37