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Correspondência recebida de Eduardo de Abreu

Description level
Instalation unit Instalation unit
Reference code
PT/TT/FFA/B/001/0006
Title type
Atribuído
Date range
1891-09-24 Date is certain to 1908-12-18 Date is uncertain
Dimension and support
1 mct. (44 doc.); papel
Custodial history
Os documentos estão acondicionados em capilha que contém a respectiva descrição.
Scope and content
A carta 3 contém (3 f.), a carta 8 (2 f.), a 10 inclui 1 recorte de jornal, a 13 (2 f.), a 16 (3 f.), a 17 (3 f.), a 18 (2 f.), a carta 20 (3 f.).



A folha que serve de capilha inclui, no verso, um índice das cartas: data e sumário.



Eduardo Abreu foi médico e vogal secretário da "Comissão Executiva da Grande Subscrição a Favor da Defesa do País".



Reúne cartas enviadas a Francisco José Ferreira do Amaral, oficial de Marinha, convidando-o a participar nas reuniões da Comissão, realizadas no edifício do Teatro D. Maria II, a 11 de janeiro de 1890, algumas reuniões foram presididas pelo conde de São Januário, pelo duque de Palmela, entre outros.

Numa carta Eduardo Abreu indica o valor dos honorários pagos ao conselheiro.

Por outro lado, refere que recebeu os relatórios do delegado técnico em Livorno, bem como o título de propriedade do cruzador "Adamastor" que foi passado pelos construtores Orlando, o traslado da escritura do contrato para a construção do navio e ainda, três cadernos intitulados "Note à l'appui du projet-machines-Spécification".

Numa das cartas remetida de Amares, menciona o galeão - modelado por Bordalo [Rafael Bordalo Pinheiro] - que "é cópia fiel da gravura mandada executar em Paris, em face de 18 portulanos da época do descobrimento da Índia, alguns existentes na Biblioteca Nacional de Paris". Acrescentado que a gravura foi mandada fazer por um amigo ex-oficial da Marinha de Guerra Brasileira, Jerónimo Ferreira das Neves que tinha a biblioteca americana mais valiosa que se conhecia [em 1897] e que "o ano passado comprou duas cartas de Fernando Colombo, e a 1.ª edição de Marco Polo".

Inclui um recorte do jornal "Diário de Notícias", n.º 11.345-33 ano - 1897 - mencionando Livorno (em Itália), sobre questões políticas da época, entre outros.

Alude ao conflito ocorrido entre Ferreira do Amaral e Cardil (e a cessação das funções do último).

A propósito da organização da chegada a Lisboa do cruzador "Adamastor, Eduardo de Abreu diz a Ferreira do Amaral: "que o País precisa de ser bem analisado, em todas as suas forças, administrativas e oficiais, desde a junta da paróquia, até às câmaras municipais, que sendo em Inglaterra, a base do grande poder inglês, são em Portugal, o alicerce da desorganização, da ignorância e da imoralidade, da incúria e da fraqueza da Nação Portuguesa". Indicando que das 262 câmaras só 9 entregaram as subscrições, e que entre "as caloteiras figurava em primeiro lugar a de Lisboa". Alude a Alexandre Herculano como "o mais sábio historiador", e a propósito "hoje não as poderia exaltar como o fez na sua época".

Eduardo de Abreu ao longo da carta refere a existência de 58.000 arquiconfrarias, confrarias e irmandades existentes em Portugal, sendo a mais rica a Confraria do Santíssimo Sacramento da Igreja dos Mártires em Lisboa, sobre a qual observava que esta não apoiava financeiramente asilos e escolas.

Em relação à educação informava que havia 3792 com base na estatística de 1892, e especificava que umas foram transformadas em cavalariças, outras não tinham professores pois emigraram para o Brasil), outras estavam encerradas porque o Governo não pagava aos professores, e em alguns casos nem se conheciam as escolas. Por conseguinte, contou o episódio do correio do Ministério das Obras Públicas que não encontrou a Escola de Instrução Primária na freguesia dos Anjos, em Lisboa.

Alude ao programa de receção do navio "Adamastor" entregue ao Governo em Lisboa, de que estava incumbida a Comissão - da qual fazia parte "o duque de Palmela sempre receoso das manifestações populares" -, e que não podia impedir outras embarcações de incorporarem o cortejo no Tejo. Constava também no programa a participação de bandas da Guarda Municipal, filarmónicas e lançamento de foguetes (carta datada de, Lisboa, 23-06-1897).

Eduardo de Abreu na carta em que referiu o envio da carta de José Cesário da Silva, manifestou o desejo pessoal do navio "Adamastor" ter o busto de Camões (que mandou fazer a expensas próprias e foi modelado por Simões de Almeida, professor da Academia, e fundido com cobre por Salvador Orlando, incluindo um suporte com o verso "Vereis amor da Pátria não movido, etc.").

Eduardo Abreu comentou acerca da nomeação de Dias Costa para chefe da Marinha de Guerra que foi relator da proposta dos tabacos dizendo: "é pasta para bacharéis, ou políticos com galões de capitão!", e ainda, dando notícias sobre Moçambique.

Noutra carta nomeia os seguintes vapores que foram ao encontro do "Adamastor", no dia da chegada a Lisboa, especificando quem ia a bordo:

- "Vitória" com a comissão executiva, "D. Amélia" com a Associação Comercial e convidados, "Frederico Guilherme" com a Sociedade de Geografia, "D. Carlos" diretores do Caminho de Ferro, "Lidador" - Câmara Municipal de Lisboa; "Isaura", "Furão", "Rio Tejo" e "Ave" - com estrangeiros, negociantes, industriais -, "Cabinda" com agentes e comandantes das empresas nacionais de navegação, "D. Afonso" com o grémio dos oficiais da marinha mercante, "Machado" - vapor de pesca -, entre outros, sendo mais de 100 embarcações.

Noutra carta alude ao episódio da sua prisão pela "quadrilha" policial, estando presente José Dias Ferreira que "nunca disse na sua gazeta e no Parlamento palavras contra a quadrilha"- e quando passou a família real, Eduardo Abreu gritou: "Viva a Nação Portuguesa".

Eduardo Abreu refere notícias relativas a Mouzinho dizendo que recebeu um soneto do Chissana (Xissana) do Gungunhana, enviado da ilha Terceira, do Castelo de São João Batista, referindo aspetos das relações entre brancos e negros, e observando que depois do Ultimato de 1890 "pobres como estamos não podemos pensar em guerra na África" (1898).

Relata o que aconteceu no Centro Comercial do Porto, quanto ao discurso do deputado Antero "a chamar ladrões aos governadores do Ultramar", e pedindo a Francisco Ferreira do Amaral o favor de procurar o farmacêutico - na rua da Quitanda 47 - para saudar da parte dele, Manuel António de Matos, seu único tio-avô paterno.

Inclui uma carta de condolências pela morte de Luciano Cordeiro e Serpa Pinto (Amares, dezembro de 1900).

Eduardo Abreu colou numa carta um recorte de jornal que noticiava a viagem feita por políticos, aristocratas, comissários de polícia ao Funchal, acompanhados das famílias, em navios de guerra da marinha portuguesa, comentando: "perante esta devassidão, não há meios de se organizar a marinha de guerra portuguesa. Está toda a Oeste da Torre de Belém, mas sem forças para seguir até Vigo" (Amares, 1907).

Contém uma carta dirigida ao conselheiro Francisco Joaquim Ferreira do Amaral, presidente do Conselho de Ministros, solicitando que intercedesse sobre a questão pendente, havia quatro anos, sobre o impedimento da venda a estrangeiros dos pequenos ilhéus do Canto ou das Cabras, nos Açores (propriedade do seu filho menor) pelo Governo, surgindo de novo uma proposta de compra por parte de uma poderosa companhia estrangeira (datada de 1908).

Physical location
Família Ferreira do Amaral, cx. 3, mct. Eduardo de Abreu, doc. 1 a 44
Language of the material
Português e francês
Physical characteristics and technical requirements
A capilha apresenta rasgão, rotura de suporte com perda de informação.
Creation date
07/04/2015 11:20:19
Last modification
11/05/2018 10:39:39