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Correspondência recebida de D. José bispo de Angola

Description level
Instalation unit Instalation unit
Reference code
PT/TT/FFA/B/001/0061
Title type
Atribuído
Date range
1882-09-28 Date is certain to 1883-06-30 Date is uncertain
Dimension and support
1 mct. (29 doc., 1 broch.); papel
Custodial history
Os documentos estão acondicionados numa capilha.
Scope and content
A carta 15 contém (6 f), a 16 contém (9 f), a 19 contém (2 f), a 27 contém 1 livro pequeno, a carta 28 contém (6 f) e a carta 29 contém (2 f).



Na carta assinada por "José Patriarca", dirige-se ao seu "compadre" dizendo que a rapariga de que lhe falou (com catorze anos de idade, filha de um empregado público, viúvo) ingressou nas Irmãs Hospitaleiras por ali haver lugar, pede também para que haja um capelão a residir no Hospital para celebrar missa, porque as religiosas queriam assistir à missa e comungar diariamente. Envia cumprimentos à sua comadre e "afilhadinha" (Lisboa, doc. 1).

Sobrescrito do bispo endereçado ao governador geral da Província de Angola, com um cartão de visita de: "D. José Bispo de Angola e Congo Patriarca eleito de Lisboa", dirige-se ao compadre, antes de partir, solicitando-lhe que ajude o seu barbeiro, pois é inocente (doc. 2).

Noutra carta, o bispo refere que na cerimónia da bênção da capela devia haver um santo titular, diz que tem uma imagem de Nosso Senhor que reserva para o Congo, mas não é bonita, pedindo-lhe a imagem de São Francisco - "bela escultura" - que existe no Penedo, e mandá-la para a capela do Hospital (doc. 3).

Por outro lado, o autor trata do assunto do batismo de uma menina que o governador lhe pede para a fazer cristã (provavelmente trata-se da filha recém-nascida de Ferreira do Amaral e de sua mulher Carolina), e informa-o que os padrinhos devem assinar o termo do registo paroquial e, posteriormente, o registo civil. Diz ainda que: "o Decreto do registo paroquial manda que só por diploma (provisão do prelado) passada a pedido dos interessados se possa administrar sacramento de batismo em capela particular", acrescentando se está disposto a pagar 50 000 de selo, do cofre da Província, de acordo com a Lei do Selo de 22 de junho de 1880, tabela n.º 1, classe 7.ª (doc. 5).

Refere também, que aceita ser o ministro batizante na capela episcopal sem ser necessário ir à Misericórdia, mas não testemunha no registo civil, pois deverão ser os representantes dos padrinhos, esclarecendo que: "a paternidade fica provada com o registo paroquial ordenado por Decreto, e mais tarde, no foro eclesiástico só este fará fé".

Noutra carta, o bispo menciona o padre Folga que partia de Mossamedes ou da Huíla com destino à colónia penal, questionando também a facilidade com que a Inglaterra e a França aceitaram a ocupação do Zaire, o que o torna desconfiado (doc. 7).

A carta de 11 de maio trata da quezília que houve entre o o governador e o bispo, este último escreve para retomar a amizade, desistindo de entregar um ofício (doc. 11, 12), existem também cartas redigidas pelo próprio Ferreira do Amaral e alguns rascunhos (doc. 13).

O bispo alude aos padres Gavião - para capelão da Fortaleza - e a Castanheira. O bispo opina sobre as atitudes do padre Gavião (doc. 20).

O bispo informa Ferreira do Amaral acerca do padre Carlos Wunemburger, missionário da Missão do Real Padroado Português e que estava estabelecido em Huíla, regressava a Paris (4-3-1883, doc. 24), bem como da chegada das irmãs Hospitaleiras do Convento das Trinas de Lisboa, mas por serem poucas pedia a Ferreira do Amaral para oficiar à superiora das Franciscanas do Porto, também hospitaleiras, mas de congregação independente, pedir cinco religiosas, referindo a verba para o seu vestuário, e sobre a sua conduta, segundo a opinião dada pela condessa de Rio Maior (doc. 23).

Na carta remetida de Mossamedes, o bispo diz "segundo os princípios da Doutrina Católica o casamento civil entre os cristãos é um concubinato, e por isso em França os católicos casados civilmente já não se uniam pela Igreja", conclui dizendo: "fique descansado que não vou levantar o tribunal da Inquisição entre os bohers" (doc. 26).

Noutra carta, o bispo fala sobre o seu pedido, ou seja, de se suspender o registo civil (que considera uma união em que o homem e a mulher vivem em mancebia - carta do papa Pio IX ao rei Vítor Manuel, datada de Castelgandolfo, 19 de setembro de 1852), junto à carta encontra-se uma brochura impressa, com perguntas e respostas sobre "O que é o matrimónio cristão, e o que é o casamento civil", "desde que Nosso Senhor Jesus Cristo elevou o matrimónio à dignidade de sacramento - e não de contrato - sempre entre os cristãos foi olhado como tal, sendo um dogma de fé definido nos Concílios Gerais de Florença e Leão, e confirmado no de Trento, s. d., 22. p. (doc. 27, 27-a).

Inclui a relação dos padres que vão para Huíla (padre Antunes, superior da Missão do Real padroado português, padre Luís, Óscar, Gustavo, Cortes, entre outros, bem como uma carta assinada por António José de Sousa Barroso, no Congo, sobre a situação dos colonos a nível de saúde, violência doméstica, entre outros (doc. 28-28 E).

Inclui ainda a carta, na qual o bispo informa Ferreira do Amaral, que trouxe de Cernache alguns padres, para um deles ser vice-reitor do Seminário para a Missão no Huíla, e também no Zaire, mas ainda não encontrou um competente "não sei se à falta de gratificação", assim continua ele próprio com o cargo (doc. 29-29A).

Physical location
Família Ferreira do Amaral, cx. 3, mct. D. José bispo de Angola, doc. 1 a 29
Language of the material
Português
Creation date
07/04/2015 11:21:20
Last modification
21/06/2022 15:35:18