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Letras Apostólicas de Pio IX sobre a Definição Dogmática da Imaculada Conceição da Virgem Mãe de Deus

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Reference code
PT/TT/FCC/004/0007/000361
Date range
1854-12-08 Date is certain to Date is certain
Descriptive dates
Roma
Dimension and support
1 doc. impresso (f. 346 a 388); papel
Custodial history
"Papéis diversos relativos à Bula da Definição Dogmática da Conceição Imaculada. Estão juntos exemplares impressos das Bulas"
Scope and content
Lisboa: Tipografia de António Henriques de Pontes; 1855. Brochura.

Do texto em português se tira: "Deus inefável, cujos caminhos são a misericórdia e a verdade [...] havendo decretado cumprir pelo mais misterioso sacramento a Incarnação do Verbo, obra prima da sua bondade, para que o homem arrastado para o mal pela perfídia e malícia de satanás não perecesse contra o propósito da sua misericórdia [...] escolheu e preparou desde o princípio e antes dos séculos para seu Filho Unigénito, uma Mãe, da qual pela carne ele nascesse [...] e amou-a tanto sobre todas as criaturas, que nela empregou todas as suas complacências. E por isso elevando-a acima de todos os espíritos Angélicos, de todos os Santos, encheu-a admiravelmente com a abundância de todos os dons celestiais, tomados no tesouro da Divindade, que sempre isenta de toda a espécie de mancha do pecado, e toda bela, e perfeita, reunisse em si a plenitude da inocência e santidade tal que abaixo de Deus não se pudesse imaginar uma maior, e que excepto Deus, ninguém pudesse compreender tal grandeza. E [...] conseguisse sobre a antiga serpente o mais completo triunfo [...] essa Mãe, que o próprio Filho escolheu para ser substancialmente sua Mãe, e da qual o Espírito Santo quis e operou que fosse concebido e nascesse aquele de quem Ele procede."

Na página 28, lê-se: Para descrever esta reunião dos divinos presentes e esta integridade original da Virgem de quem nasceu Jesus, os mesmos Padres ao pregarem a palavra dos profetas não celebraram de outra maneira esta Augusta Virgem, senão como a pura pomba, a santíssima Jerusalém, o trono elevado de Deus, a casa e a arca da santificação que a eterna sabedoria constituiu para si; senão como essa Rainha que rodeada de delícias, e apoiada sobre o seu Dilecto saiu toda perfeita da boca do Altíssimo, toda bela e inteiramente cara a Deus, e nunca manchada da menor sombra de mácula. Os Padres nunca cessaram de apelidar a Mãe de Deus, lírio entre espinhos; terra inteiramente intacta, virgínea ilibata, imaculada, sempre abençoada, isenta de toda a mancha e contágio do pecado. Afirmaram que a Bem Aventurada Virgem sempre comunicara com Deus e unida a Ele em sempre eterna aliança, nunca estivera nas trevas mas na luz, e por essa razão fora digna habitação de Cristo pela graça original. Um templo criado por Deus, formado pelo Espírito Santo; a obra prima da Divindade; uma natureza toda bela derramando sobre todo o orbe no momento da sua Conceição Imaculada as luzes de uma brilhante aurora.

Refere as palavras dedicadas à Mãe de Deus pelas gerações de crentes, a linguagem usada pela liturgia e ofícios eclesiásticos onde é invocada e louvada como rosa em todo o brilho da sua florescência...

Esta doutrina sobre a Conceição Imaculada da Virgem Mãe de Deus consignada pelo Juízo dos Padres nas santas Escrituras, confirmada pela autoridade de seus testemunhos, contida em tão grande número de venerável antiguidade proposta e sancionada pelo juízo da Igreja, foi recebida com tanta religião e amor pelos seus pastores, pelos povos e pelos fiéis, confessando-a claramente (p. 38). Honrar, venerar, invocar a Virgem Maria, Mãe de Deus, concebida sem a mácula do pecado. Desde os tempos mais remotos, os príncipes da Igreja, os membros do clero, as ordens seculares, os imperadores e reis têm com instância pedido à Sé Apostólica que defina como dogma de fé católica a Conceição Imaculada da Santíssima Mãe de Deus. Estas súplicas têm, mesmo nos nossos tempos, sido muitas vezes renovadas, mas sobretudo no tempo de Gregório XVI, nosso predecessor, e a nós mesmo nos foram apresentadas pelos bispos, pelo clero secular, pelas ordens religiosas, pelos príncipes, e pelos fiéis.

Querendo tratar deste assunto com toda a prudência, o Papa estabeleceu uma Congregação especial de VV. FF., NN. S.R.E., de cardeais distintos pela sua piedade, sabedoria, e ciência nas coisas sagradas, de membros do clero secular e regular os mais versados em Teologia, para que cuidadosamente examinassem tudo o que diz respeito à Imaculada Conceição da Virgem Maria e lhe apresentassem o seu parecer. Apesar do conhecimento das súplicas que lhe tinham sido apresentadas para apressar a definição, lhe dar a conhecer a opinião dos bispos, entendeu o Papa enviar encíclicas datadas de Gaeta, 2 de Fevereiro de 1849, aos bispos de todo o universo católico para que, depois de invocarem o auxílio de Deus, lhe fizessem saber por escrito qual era a piedade e a devoção das suas ovelhas para com a Conceição Imaculada de Maria, e o que eles mesmos pensavam, a fim de poder dar a sentença papal. Pelas respostas recebidas e a satisfação e entusiasmo que transpareciam, o Papa pôde confirmar o sentimento do clero e do rebanho, pedindo-lhe "com uma espécie de unanimidade que definisse pela sua autoridade e suprema sentença a Imaculada Conceição", o mesmo acontecendo com a conclusão dos cardeais e demais elementos do clero chamados à citada Congregação. Depois disto, o Papa reuniu um Consistório que se manifestou no mesmo sentido.

Assim, acreditando ter chegado o momento oportuno para a definição da Imaculada Conceição da Virgem Mãe de Deus, ilustrada pela palavra divina, pela veneranda tradição, pelo sentimento constante da Igreja, pelo acordo unânime dos bispos e fiéis do mundo católico, assim como pelos actos insignes e constituições de seus predecessores, depois de cuidadoso exame e assíduas preces, julgou não dever hesitar mais em a sancionar e definir, para satisfazer a piedosa impaciência do mundo católico, a piedade papal, e honrar em Maria seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, porque é sobre Ele que recai a glória e honra tributada à Mãe.

Depois de ter implorado a protecção de toda a corte celeste e invocado a assistência do Espírito Paráclito e sentindo a sua inspiração neste sentido, para honra da Santa e indivisível Trindade, glória e dignidade da virgem Mãe de Deus, para exaltação da fé católica, declarou, pronunciou e definiu que a doutrina que ensina que a bem-aventurada Virgem Maria foi, no primeiro momento da sua Conceição, por uma graça, o privilégio singular de Deus Todo Poderoso, e em razão dos merecimentos de Jesus Cristo, salvador do género humano, preservada intacta de toda a mancha do pecado original, é revelada de Deus, e que, por consequência, deve ser acreditada firme e constantemente por todos os fiéis.
Physical location
Família Costa Cabral, cx. 25, mç. 16, f. 346 a 388
Language of the material
Latim, português
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Portugal, Torre do Tombo, Família Costa Cabral, cx. 25, mç. 16, f. 361-388
Creation date
25/02/2022 11:53:16
Last modification
28/02/2022 18:54:55