Hospital Real de Coimbra

Description level
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Reference code
PT/TT/ER/A-CG
Title type
Formal
Date range
1733-06-24 Date is certain to 1784-11-24 Date is certain
Dimension and support
18 liv.; perg., papel
Biography or history
O Hospital Real de Coimbra foi fundado por D. Manuel em 1504, tendo recebido seu regimento a 22 de outubro de 1508, dando à Coimbra um bom hospital de acordo com a nobreza da cidade por ser uma cidade de passagem de muita gente vinda de todas as partes. Ainda no ano de 1508 foi anexado a este hospital a albergaria de São Bartolomeu, o hospital de Santa Maria da Vera Cruz, a albergaria de São Lourenço e albergaria de São Marcos. Em 1510 é dado novo regimento e dez anos mais tarde, para aumento do seu património, é anexado o hospital de Milreus, concluindo desta forma a extinção das pequenas albergarias e hospitais medievais desta mesma cidade. Este hospital era administrado por um provedor cabendo ao almoxarife do hospital a responsabilidade da arrecadação e administração da fazenda do mesmo. Para além destes dois o hospital tinha ao seu serviço um escrivão, um provedor das causas, um solicitador, um médico continuo e um outro extraordinário, um cirurgião que acumulava a função de algebrista, um boticário, um sangrador, um moço da capela, 2 enfermeiros (dos homens, dos males), uma enfermeira das mulheres, um albergueiro do Tronco, um comprador, uma cozinheira, uma aguadeira, uma servideira da limpeza, uma lavadeira das enfermarias, uma lavadeira da sacristia e um estribeiro.

Os rendimentos do hospital eram: receita em dinheiro (Almoxarifado de Coimbra, Almoxarifado de Aveiro, Almoxarifado de Tomar, Almoxarifado da Alfândega da Figueira da Foz do rio Mondego); renda da vila de Seia; renda dos casais de São Fipo (Condeixa-a-Nova); aluguer das casas do hospital; juros do legado deixado por Dr. Manuel da Gama Lobo (a partir de 1745); receita dos foros a dinheiro dos géneros (milho, galinhas, frangos, açúcar) e dos géneros que se vendem (milho); receita das dívidas velhas, laudêmios, dinheiro a juro de custas vencidas, dinheiro de porcionistas e dinheiro por algum título pertença deste hospital; receita do azeite em dinheiro; receita em trigo, em Cevada, em Milho, em Azeite, em Galinhas, em Frangos e em Burel.

As despesas eram: despesa com ordenados (provedor, almoxarife, escrivão do hospital - mais tarde escrivão da fazenda, provedor da fazenda, provedor das causas, solicitador (fazenda), médico continuo, médico extraordinário, cirurgião (também algebrista), boticário, sangrador (barbeiro, e lançador de sanguesugas), celeireiro do Campo, moço da capela, enfermeiro dos homens, enfermeiro dos males, enfermeira das mulheres, albergueiro do Tronco, comprador, cozinheira, aguadeira, servideira da limpeza, lavadeira das enfermarias, lavadeira da sacristia, estribeiro); despesas com foros, juros e capelas, reparos, capela covas e noturnos, esmolas; despesas com compras (de frangos, galinhas, burel, açúcar, de drogas para a botica, linho e estopa); despesas com cozinha, mesa, comeres das enfermarias e mais coisas delas; arrecadação das rendas, gastos com jornadas, obras, consertos e benefícios da casa e renda dela; despesas com a mula; despesas com trigo, cevada, milho, azeite, galinhas, frangos e burel.

Na passagem de uma almoxarife para outro é lançado em receita os bens deste hospital por inventário constando nele os bens da capela, os bens da cozinha, os bens da enfermaria das mulheres, os bens da enfermaria dos homens, os bens da sala do hospital, os bens do refeitório, os bens da sala do provedor, os bens da sala do almoxarife, bens do cartório, bens das casas dos moços, bens da adega, bens do celeiro e livros no arquivo.

Pela Provisão de 21 de outubro de 1772, foi ordenado a José Gil Tojo Borja e Quinhones, corregedor da comarca de Coimbra, para que tomasse posse de todo o património do hospital e o entregasse à Junta da Fazenda da Universidade de Coimbra, ordenando também que os doentes fossem transferidos para o novo hospital da Universidade no antigo edifício do extinto colégio dos Jesuítas, designado de Colégio de Jesus de Coimbra.

Os provedores presentes nesta documentação, por ordem cronológica, são:

- Manuel Luís da Conceição (1732-1735);

- Dionísio de Santa Maria (1735-1737);

- Padre Sampaio (1752-1755);

- Padre Vilas Boas (1755-1756);

- Custódio da Visitação Justiniano Evangelista (1757-1760);

- Pedro de São Joaquim de Eça (1761-1767).

Os almoxarifes presentes nesta documentação, por ordem cronológica, são:

- Francisco Xavier da Conceição (1732 para 1733);

- José da Anunciação Evangelista (1733 a 1737);

- António de São Bernardo Leite (1737)

- Manuel Albino (1752 a 1755 primeiro semestre);

- Felipe da Conceição Refoios (segundo semestre de 1755 a 30 junho de 1762).
Custodial history
Num contexto e circuito bem distinto da documentação existente no Fundo da Mesa de Consciência e Ordens, detida pelo Arquivo Nacional da Torre do Tombo, e da que se encontra no Arquivo da Universidade de Coimbra. Quanto a documentação que se encontra no Arquivo da Universidade de Coimbra é de referir que no inventário dos bens de 1755, encontram-se descritos os livros que se encontravam no Arquivo do Hospital (Erário Régio, Hospital Real de Coimbra, liv. 11, f. 65 a f. 66), sendo certo que estes deram entrada no então Cartório da Universidade após a provisão de 21 de outubro de 1772. Quanto aos livros que se encontram no Erário Régio, agora descritos, foram feitos pelo provedor do Hospital Real de Coimbra e entregues ao almoxarife do mesmo para este lançar a receita e despesa, cabendo ao referido provedor no final de cada livro tomar a conta ao almoxarife. Estes livros depois de devidamente escriturados foram reunidos e enviados para a Contadoria Geral da Corte e Província da Estremadura para aí ser feito o ajuste e tomada da conta do respetivo Almoxarife. Esta documentação deu entrada nas instalações do antigo Mosteiro de São Bento e aí permaneceu até 1990, altura em que foi transferida para as atuais instalações do Arquivo Nacional da Torre do Tombo na Alameda da Universidade em Lisboa. Estes livros, ainda no Mosteiro de São Bento, onde se encontrava o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, estavam juntos dos livros identificados como Conselho da Fazenda, também designados de Núcleos Extraídos do Conselho da Fazenda e do Erário Régio, tendo sido inicialmente identificados pela Drª Maria Teresa G. Barbosa Acabado, como Hospital Real de Coimbra, com ressalva à desordem destes núcleos, bem como ao desconhecimento da sua ordem original. Em maio de 2023, esta documentação foi alvo de tratamento técnico e arquivístico, constando este trabalho, realizado por Joaquim Abílio Ferreira Machado (ANTT), na elaboração da sua história administrativa, custodial e arquivística, descrição e cotação.
Scope and content
Este conjunto documental é constituído por 18 livros: 16 da receita e despesa do hospital, 1 da conta da receita e despesa da responsabilidade do almoxarife Manuel Albino (1752 a 1755) e 1 da receita e despesa do dinheiro das cessões ao hospital.
Related material
PT/TT/MCO/A-J-C - Hospital Real de Coimbra (95 doc.).

PT/AUC/HOS/HRC - Hospital Real de Coimbra - 397 u. i. (380 liv., 12 mç., 5 pt.).
Creation date
08/05/2023 09:46:41
Last modification
26/05/2023 16:26:06