Available services

Isabel Fernandes, mulher viúva, moradora em Lisboa.

Description level
Item Item
Reference code
PT/TT/CHR/K/45/68-260
Title type
Formal
Date range
1501-03-12 Date is certain to 1501-03-12 Date is certain
Scope and content
Poderia ora haver 22 ou 23 anos, sendo ela de idade de 15 ou 16 anos, um dia, na Alfama, lavando roupa, travara-se de razões com Ana Roiz, outra lavadeira, também moça da sua idade, a qual se viera a alevantar com ela em razões, dizendo-lhe muitas palavras injuriosas e, sobretudo, se lançara a ela e lhe dera muitas punhadas. E, embora apartadas por outras mulheres e moças que alí estavam lavando, a sobedita Ana Roiz com palavras más que não cessava dizer contra ela, com grande fúria tomara uma pedra para outra vez lhe haver de dar. E ela suplicante quando assim a vira por se defender dela e a arredar de si lhe viera a dar uma pancada na cabeça de que lhe fizera uma pequena ferida na cabeça de que, por má cura, se viera a finar da vida deste mundo. E a suplicante se amorara, como ainda andava. E por o caso acontecer em reixa, sem entre elas haver malquerença, e por ela não ter tido culpa em a dita morte, pedira a el-rei D. Afonso V, seu tio, que então reinava, perdão pela morte, o qual mandara primeiramente vir a devassa da dita morte, a qual trazida a esta Corte e entregue ao Dr. Fernão Roiz, Desembargador do Paço. E neste meio tempo D. Afonso V se viera a finar. E depois ela suplicante requerera e enviara pedir perdão a el-rei D. João II, o qual por ser informado da pouca culpa, mandara que trouxesse o perdão das partes. O qual perdão ela suplicante houvera, segundo melhor e mais cumpridamente por 4 instrumentos de perdão, feitos e assinados : por João Duarte, tabelião geral em Lisboa, aos 3 de Abril de 1475 (sic); por Luís Vaz, tab. e notário geral da Casa do Cível, da mesma cidade, aos 21 de Nov. de 1477; por Rodrigo Anes, tab. público em Estremoz, aos 16 de Maio de 1475, e o último por Fernão Martins, tab. em Lisboa, aos 4 de Abril de 1475. Em os quais instrumentos se continha que Afonso Anes, tecelão, marido da morta, em seu nome e no de Catarina, sua filha menor de idade que estava em seu poder, filha da dita morta, e por Catarina Roiz, mulher de Gonçalo Vaz Carregueira, irmã da morta, e Afonso Anes, em seu nome e de Beatriz, sua filha, moça menor de idade, e Pulicina Roiz, moça esposada com Fernão Pereira, moradores no Lumiar, irmã e sobrinha e irmãos da morta. Enviando a supl. pedir, el-rei, vendo o que assim dizia, antes de lhe dar algum livramento mandou vir a inquirição devassa, a qual vista e um parece com o seu passe, e vistos os perdões das partes, se outros aí não houvesse, lhe perdoou contanto fosse estar 3 anos ao couto de Marvão. E, para aderençar sua fazenda lhe dava carta de segurança. E acabado o dito tempo, um mês findo o qual se iria apresentar com esta carta e se faria aí escrever no Livro dos Homiziados, e serviria continuadamente sem lhe ser dada licença para ir a outra parte. El-rei o mandou por D. Henrique Coutinho e pelo Dr. Gonçalo de Azevedo. Francisco Dias a fez.
Physical location
Chancelaria de D. Manuel I, liv. 45, f. 68
Creation date
29/04/2011 00:00:00
Last modification
08/02/2024 09:17:13
Record not reviewed.