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Correspondência de Glória Castanheira

Description level
File File
Reference code
PT/TT/AOS/E/0057/00019
Title type
Formal
Date range
1918 Date is uncertain to 1953 Date is uncertain
Dimension and support
260 f. (115-372, 187A, 292A), 15 cartões; papel
Custodial history
A numeração passa do f. 329 para o f. 331, por lapso de numeração.
Scope and content
Contém cartas de António Oliveira Salazar, residente em Coimbra, para a sua amiga Glória Castanheira, quando era jovem. As cartas apresentam um cunho intimista, poético, afetuoso e familiar. Conta as impressões que teve ao participar com o José Correia na ida a um concelho fundar um centro católico. A narrativa salpicada de fiéis descrições dos factos mostra-nos um jovem Salazar atento, afável, com sentido de humor, agradável, observador, inteligente, responsável, subtil, sensível, paciente e delicado, de um trato irrepreensível em relação às mulheres ("senhoras") em geral. Muito diferente do homem político austero. Os seus gostos pessoais passam pela música clássica, o gosto pelo piano, a leitura, e as flores, nomeadamente as rosas. De salientar, que o texto das cartas obedece a um estilo poético. As cartas escritas por António de Oliveira Salazar são notoriamente literárias: "o tempo vai péssimo (...) um tempo de trovoada muito enervante e um tudo-nada traidor". Menciona o desejo de visitá-la na Figueira, acrescentando "não sei mesmo se meu cunhado aparecerá também com uma das minhas sobrinhitas". Em outra carta revela "nesta amargurada vida em que ando sempre não posso saber se amanhã terei uns minutos para escrever a V. Ex.ª - começam amanhã os meus exames (...)". Também menciona a “mademoiselle Nadine” que foi passar o dia à Figueira. E porque a amiga Glória Castanheira tem o espírito de artista, e é sensível, não lhe vai falar sobre as eleições de domingo, a quem "não importam pois tem preocupações mais elevadas".

Todavia, Salazar aconselha-se junto da amiga para ajudar os amigos, como um que queria comprar um piano e indica o Banco de confiança para depositar o dinheiro. Por outro lado, responde a todas as perguntas colocadas pela amiga, citando a resposta dada a uma delas, diz Salazar: "quanto à pergunta de V. Ex.ª parece-me poder-lhe responder seguramente que a pretendente ao piano não é ou pelo menos não deve ser aquela que se diz ser minha noiva. Pelo menos nunca soube que estivesse para casar com ela. É uma menina muito nova a avaliar pela altura das saias, (quer dizer, agora pela altura das saias também se não pode já avaliar coisa nenhuma). Mas enfim, deve ter 15 anos, acho que educada sem Deus nem religião". Salazar responde a propósito da sua vida sentimental à amiga: "Peço muita desculpa a V.Ex.ª de não lhe dar informações seguras nesta matéria, mas com o muito que tenho que fazer, não me é possível seguir as variações da opinião pública a respeito do meu casamento (...) a verdade porém de tudo isto é só - que eu precisava de casar-me, mas que não sei com quem há-de ser. Não tenho noiva nem dinheiro, duas coisas a meu ver indispensáveis". Entre outros.
Physical location
Arquivo Oliveira Salazar, AOS/CP-057, cx. 914, f. 115-372
Language of the material
Português
Creation date
18/10/2018 11:34:24
Last modification
22/03/2024 16:33:21