Hospital de São José

Description level
Fonds Fonds
Reference code
PT/TT/HSJ
Title type
Atribuído
Date range
1479 Date is certain to 1973 Date is certain
Dimension and support
8001 liv.; 2723 cx., papel, perg.
Biography or history
O Hospital Real de Todos os Santos, hoje designado por Hospital de São José, foi criado por D. João II, quando ainda príncipe herdeiro, tendo este obtido autorização da Santa Sé, a 13 de Agosto de 1479, para reunir os rendimentos de diversos pequenos hospitais de Lisboa e seu termo, a fim de construir um "grande hospital" destinado à assistência de pobres e enfermos. O monarca recorreu ainda a doações pessoais, a rendimentos de bens vinculados, de agremiações dos ofícios mecânicos e doações feitas por particulares, entre outros. Ao longo dos tempos outras fontes de rendimento foram concedidas ao hospital, nomeadamente provenientes das licenças para representação de óperas e comédias cujo direito foi atribuído ao hospital por Carta Régia, de 9 de Abril de 1603. Esta doação foi substituída em carta de padrão com salva, a 20 de Novembro de 1759, por 1.300$000 reis de esmola, pagos em quartéis pelos rendimentos da Casa da Moeda. Posteriormente a lotaria foi outro dos rendimentos do hospital. O lançamento da primeira pedra teve lugar em 15 de Maio de 1492, mas a construção só ficou concluída no reinado de D. Manuel. A sua edificação foi feita em terrenos da cerca do convento de São Domingos de Lisboa, os quais correspondem à actual Praça da Figueira. D. Manuel seguiu as instruções deixadas em testamento pelo seu antecessor, quer no que respeita à construção quer à sua organização, e, em 1504, deu-lhe regimento, no qual estabelecia o seu funcionamento, as categorias e o número de funcionários de cada uma delas: capelães, provedor, escrivão do provedor, vedor, físico, cirurgiões, almoxarife, escrivão do almoxarife, enfermeiros, ss pequenos, cozinheiro, porteiro e guarda portas, boticário, ajudantes de botica, enfermeira de mulheres, cristaleira, lavadeira, alfaiata, hospitaleiro, barbeiro e sangrador, , como empregados para servirem o provedor, atafoneiro, assadeira e forneira. O regimento estipulava ainda as obrigações e tarefas de cada um bem como os seus vencimentos. A instituição, que começou a funcionar ainda antes do edifício estar concluído, foi baptizada com o nome de Hospital Real de Todos os Santos. Em forma de cruz, com os quatro braços iguais, correspondendo o braço com o portal para o exterior, à igreja e os outros três às enfermarias, duas de homens: São Vicente e São Cosme e uma de mulheres: Santa Clara. No centro da cruz ficava o altar mor o que permitia a todos os doentes assistir aos ofícios divinos. Por trás das camas ficavam portas que permitiam retirar os mortos sem que os outros doentes disso se apercebessem. Havia também junto a cada cama armários para os doentes guardarem os seus objectos pessoais. O edifício tinha várias dependências anexas que serviam de apoio às enfermarias: botica, cozinha, despensa, lavandaria, serviços administrativos, instalações para os funcionários. D. João III mandou reparar algumas dependências e erguer outras como uma casa para doidos e uma enfermaria para convalescentes, dando ao mesmo tempo várias esmolas em dinheiro, drogas, cera, açúcar, roupas e outras. O edifício sofreu alguns danos com o incêndio que ocorreu em 1601 e ficou parcialmente destruído devido a outro incêndio, este em 1750 que atingiu a igreja e várias dependências pelo que D. José ordenou a compra de várias propriedades destinadas à sua reconstrução. Com o terramoto de 1 de Novembro de 1755 o edifício ficou completamente arruinado. Foram erguidos hospitais provisórios em São Bento e na casa dos Almadas e depois no Rossio e às Portas de Santo Antão, enquanto se faziam as adaptações necessárias no Colégio de Santo Antão, que pertencera aos jesuítas. Vinte anos depois, procedeu-se à transferência dos doentes e serviços para as novas instalações. Sob a orientação do então enfermeiro mor, Francisco Furtado de Mendonça, os habitantes de Lisboa, incluindo a nobreza da corte e as comunidades religiosas, ajudaram a transportar as macas com os doentes e feridos. O hospital passou a chamar-se Real de São José, homenagem ao monarca, mantendo-se a estrutura orgânica e funcional que tinha antes do terramoto. No século XIX a necessidade de expansão motivada pelas epidemias, o aparecimento de novas doenças, o avanço da medicina, levou à anexação de vários edifícios, alguns deles monásticos, vagos com a extinção das ordens religiosas, passando a instituição a chamar-se Hospital Real de São José e Anexos. Os relatórios apresentados ao rei pelos enfermeiros mores, nomeadamente quando tomavam posse do lugar, testemunham as dificuldades e os problemas com que a assistência se debatia. No século XIX vários regulamentos e portarias tentaram melhorar os serviços. Em 1889 pelo Ministério do Reino foi dada ordem para se proceder a obras de adaptação e melhoramento do edifício. Este processo terminou em 1898. Em 1901 o funcionamento da instituição foi completamente remodelado pelo enfermeiro mor Curry Cabral. Com a República, a estrutura aprovada em 1901 manteve-se, deixando, no entanto, o hospital de ter a designação de Real e, em 1913, a designação passou a ser a de Hospitais Civis de Lisboa, designação essa que se manteve até 1958. Neste ano, com a criação da Direcção Geral da Saúde, a designação de Hospitais Civis de Lisboa foi revogada, ficando os hospitais, cada um per si, dependentes da referida Direcção, voltando a existir o Hospital de São José. Com a criação do Ministério da Saúde, a autonomia dos Hospitais Civis de Lisboa ficou limitada tendo desaparecido completamente em 1961, com a criação da Direcção Geral dos Hospitais Civis. A organização do hospital sofreu diversas alterações. O último regulamento data de 1993. A portaria n.º 11/93 de 6 de Janeiro, do Ministério da Saúde, reconheceu que o surgimento de novas especialidades e subespecialidades e das progressivas exigências qualitativas de quem recorre aos hospitais, obriga a uma maior complexidade e diferenciação na organização hospitalar. A portaria refere também a importância de regulamentos internos. Este regulamento é assinado em 20 de Novembro de 1992 e nele se define os seus objectivos, funções e valências; estrutura dos serviços de assistência: departamentos, serviços e áreas funcionais. Posteriormente a este diploma outros foram publicados sobre diversos assuntos respeitantes aos serviços hospitalares, mas que não alteram o regulamento interno referido. Com a documentação de arquivo que constitui este fundo foram incorporados algumas revistas médicas, e monografias, na sua maioria respeitantes a doenças e evolução da medicina, à história do Hospital Real de Todos os Santos e a médicos que de algum modo se destacaram na sua profissão.
Acquisition information
Documentação entregue pelos Hospitais Civis de Lisboa em 1979, 1980, 1994, 2001, 2003 e 2004.
Scope and content
A documentação contém informações para a história, evolução e administração do hospital e seu relacionamento com a Misericórdia de Lisboa, incluído o regimento, regulamentos, ordens, portarias, avisos e decretos sobre o modo de funcionamento da instituição - enfermarias, botica, despensa, economato, tarefas e obrigações dos funcionários, admissão de doentes, administração dos rendimentos (propriedades rústicas e urbanas, tenças, padrões, jóias, testamentarias, resíduos de heranças),- mercês e privilégios régios e papais, relatórios, estatísticas, doenças, escola de enfermagem e hospitais anexos.
Arrangement
Orgânico-funcional, segundo a reforma de Curry Cabral em 1901; Ordenação numérica específica para cada tipo de unidade de instalação (livros e maços).

Os códigos de referência dos subfundos vão antecedidos da Letra Z por questões que se prendem com a estrutura do inventário na Base.
Access restrictions
Comunicável, com excepção de documentação referente a dados pessoais em que se aplica o estipulado no nº 2 do artº 17º da Lei Geral de Arquivos, Dec. Lei nº 16/93 de 23 de Janeiro de 1993, salvo se houver autorização do próprio titular do processo ou desde que decorridos 50 anos sobre a data da morte da pessoa a que respeitam os documentos ou, não sendo esta data conhecida, decorridos 75 anos sobre a data dos documentos.
Conditions governing use
Constantes no regulamento interno que prevê algumas restrições tendo em conta o tipo dos documentos, o seu estado de conservação ou o fim a que se destina a reprodução de documentos, analisado, caso a caso, pelo serviço de reprografia, de acordo com as normas que regulam os direitos de propriedade do IAN/TT e a legislação sobre direitos de autor e direitos conexos.
Other finding aid
Guias e Roteiros:

PORTUGAL. Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo. Direcção de Serviços de Arquivística - "Hospital Real de Todos os Santos/Hospital de São José e Anexos". in Guia Geral dos Fundos da Torre do Tombo: Instituições do Antigo Regime. Coord. Maria do Carmo Jasmins Dias Farinha [et al.]; elab. Maria Teresa Saraiva, Fernando Carapinha, Idalina Fino; fot. José António Silva.Lisboa: IAN/TT, 2002. vol. IV. (Instrumentos de Descrição Documental). ISBN 972-8107-68-4. p. 4-8. Acessível no IAN/TT, IDD (L602/4).

Inventários:

AZEVEDO, Pedro A. de; BAIÃO, António - "Adenda". in O Arquivo da Torre do Tombo: sua história, corpos que o compõem e organização. Lisboa: ANTT; Livros Horizonte, 1989. (Fac-Símile). p. A-6. Reprodução fac-similada da edição de 1905. Incorporação do Cartório das Capelas, Resíduos e Legados Pios.

SARAIVA, Maria Teresa, CARAPINHA, Fernando, FINO, Idalina - Hospital de São José: inventário [Impresso]. 2004. Acessível na Torre do Tombo, Lisboa, Portugal. (L 683).
Related material
Relação complementar: Portugal, Torre do Tombo, Feitos Findos, Casa da Suplicação (PT-TT-CS), Portugal, Torre do Tombo, Mosteiro de São Vicente de Fora: sentenças cíveis em que uma das partes é o mosteiro e a outra o hospital (PT-TT-MSVF), Portugal, Torre do Tombo, Ministério do Reino - Misericórdia de Lisboa e Hospital de São José, cx. 437-439, cx. 549 e 551 (1769-1833) (PT-TT-MR), Portugal, Torre do Tombo, Ministério do Reino, Balanços da Misericórdia e Hospital de São José cx. 540, cx. 551 (1801-1833) (PT-TT-MR), Portugal, Torre do Tombo, Ministério das Obras Públicas, Comércio e Industria número provisório 1087 (PT-TT-MOPCI), Portugal, Torre do Tombo, Hospital de São José, Registo Geral Liv. 949 a 958 e 1116 (PT-TT-HSJ), Portugal, Torre do Tombo, Mesa da Consciência e Ordens (OCCT/A/7/232/97)
Publication notes
Anais das Bibliotecas e Arquivos - Biblioteca Nacional, 1929-1949. (1920)
CARMONA, Mário Reis de - O Hospital de Todos os Santos da Cidade de Lisboa. ed. do autor, 1954
CORREIA, Fernando da Silva - Regimento do Esprital de Todolos Santos de El Rey Nosso Senhor de Lisboa. Lisboa, edição do Laboratório Sanitas, 1946
DAUPIÁS, Nuno - Esboço de catálogo do Arquivo Histórico do Hospital de São José. Hospitais Civis, 1964
LISBOA. Museu Rafael Bordalo Pinheiro - Hospital Real de Todos os Santos séculos XV a XVIII: catálogo. Câmara Municipal, 1993
MOITA, Irisalva ; MARQUES, Júlio, fotogr.- V Centenário do hospital de Todos os Santos. Correios de Portugal, D.L. 1992
PINTO, Diogo António Correia de Sequeira - Relatório do Estado e Administração em geral do Hospital N.E.R. de São José, de Rilhafoles... . Typographia de Andrade e Comp, 1852
PORTUGAL. Leis, Decretos, etc. - Hospitais Civis de reorganização dos seus serviços aprovada pelo decreto nº 4563 de 1918. Imp. Nacional, 1918
PORTUGAL. Leis, Decretos, etc.- Regulamento geral dos serviços clínicos do Hospital Real de S. José e anexos aprovado por decreto de 24 de Dezembro de 1901. Imp. Nacional, 1901
PORTUGAL. Leis, Decretos, etc.- Regulamento Geral dos Serviços Pharmaceuticos do Hospital Real de S. José e Annexos.- Imprensa Nacional, 1901
Regimento do Hospital de Todos os Santos de El-Rei Nosso Senhor de Lisboa - Sanitas, 1946
REGISTOS dos reinados de D. João II e de D. Manuel I./ introd., transcr., glossário e notas de Abílio José Salgado ; pref. Jorge Borges de Macedo. 1ª ed.. [s.n.], 1996. Edição facsimilada
SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo - Dicionário da história de Lisboa. Sacavém: Carlos Quintas & Associados, 1994
SANTOS, Sebastião da Costa - O Arquivo do Hospital de S. José. In: Anais das Bibliotecas e Arquivos, (1920)
Creation date
21/08/2009 00:00:00
Last modification
26/06/2013 13:14:18
Record not reviewed.